Anjos, Demonios e Pecado
Anjos, Demônios e Pecado
Sem o que fazer, resolvi reler minha escrivaninha no Recanto das Letras, até que topei com Alma, Anjos e Psicanálise de 2009 e vi que penso diferente daquela época, não nos aspectos psicanalíticos. Ainda valem as idéias sobre o sofrimento mental como mecanismo de defesa e a indestrutibilidade do inconsciente.
O que é diferente hoje é que não considero que sejam os “anjos satânicos que infernizam a vida da gente”, e costumo recorrer à imagem do catecismo antigo, onde de um lado um anjinho e de outro um capetinha orientam uma criança: o anjinho o caminho para o bem e o capetinha o caminho do mal. Seguir o capeta seria pecar, enquanto andando com o anjo, era a salvação.
A novidade, e isto me custou tempo para reconhecer, é que há uma inversão nesta situação.
Na realidade o capeta não é pecador, mas sim o anjinho!
Não se sofre pelas ofertas do demônio, mas sim pelos deslizes do anjo.
A idéia de pecado só faz sentido numa mente capaz de sentir remorso por ter cometido uma ação ignóbil (em atenção ao comentário da Janet) mesmo sem a intenção de causar dano, gerando o arrependimento de tê-la praticado e a conseguente sensação de culpa.
Só quem desenvolve consciência moral é capaz de sentir culpa.
Só quem é capaz de sentir culpa, peca e sofre.
Por isto mesmo os demônios, os capetinhas não pecam, só os anjinhos.
Geralmente os clientes dos consultórios psicanalíticos!
João dos Santos Leite
Psicólogo – CRP 04-2674
09/06/13