Sorvete de chuva
Existem dias em que acordamos procurando respostas e vamos dormir com lições que levamos para vida toda.
Aquela menina que trabalhava atrás do balcão de uma sorveteria viveu um dia diferente,naquele dia cinza chuvoso.
Abriu o estabelecimento sem muita confiança de atrair clientela a não ser quem precisa-se fugir da chuva ou usar o toalete.
Depois de acarinhar as mesas e todo aquele cenário dos anos trinta que pede uma saborosa sorveteria,ela passou a esperar que o dia se tornasse menos preguiçoso que o seu ânimo de trabalhar.
Depois de algumas horas sem almas lucrativas,escuta uma buzina.Espia pela janelinha e vê um carro de um suposto cliente.
Não é possível,que tem gente com mais preguiça que ela, pensa;vou deixar que entre,claro.
De novo a buzina,e nada do ''abusado'' entrar,oras aqui não servimos as pessoas nos seus veículos!
Biiiiiiiiiiiii,biiiiiiiiiiii....,então se lembra da lei que todo comerciante tem de seguir - o cliente sempre tem razão!Então vai até lá.
E o sujeito abre a janela do carro e logo vai falando o sabor do sorvete que ela tem de levar pra ele.
Ela o olha e ele sorri,esperando que ela faça o que ele pediu sem questionar...quem ele pensa que é?
Ela vai e busca sem dizer nada,mas quando chega perto, vai logo falando o preço antes de entregar o pedido.
Ele se vira para pegar as moedas abandonadas no porta treco,e ela tem uma surpresa ao olhar dentro do carro dele enquanto espera.
Ele não tinha as pernas do joelho pra baixo,e ela entendeu que ficaria difícil pra ele entrar,ele paga,agradece e sorrindo se despede.
Ela fica imóvel,arrependida de seus maus pensamentos,e percebe que, este foi o dia mais lucrativo que poderia ter.
Não podemos confiar totalmente nos nossos julgamentos e o que realmente gostamos de fazer precisa ser maior do que nossas limitações.