Sociedade
Vivemos numa sociedade egoísta onde nossas escolhas sempre são melhores que as dos outros. Que pena que tudo é assim, tão mais fácil mentir do que dar a cara a tapas. Sinto vergonha, tenho nojo e ao mesmo tempo o sistema obriga outros bilhões de seres ao automatismo.
Prefiro omitir do que levar pedradas, afinal, ser mal caráter é bem mais aceitável. Como irracionais andamos, ou melhor, vagamos, onde quem comanda é o mais forte, o instinto de matar ferve entre os sentimentos, menos o amor, a sabedoria, o diálogo. Comparando, ai de mim de tentar aproximar-me do filhotinho mais dócil.
Que pena que excomungar seja mais adequado, viciados movidos pelas ansiedades onde cada palavra um trago, um gole, um cheiro. Ah, mas também não importa, meu ser pode não opinar mas meu entender aceita e sabe que eu finjo tudo, finjo que não posso, finjo que gosto, finjo que falo, finjo que escuto, finjo que estou junto, finjo que vivo. O que mais sobraria de mim além disso? Sociedade fina e fajuta de sapatos finos e roupas de grifes, somente para os outros, vazia, sem vida, não enxerga um palmo ante o nariz.
Que pena, grande pena! E no submundo palcos, luzes, câmera e ação!
Nos reflexos nas vidraças das grandes lojas a imagem linda, exuberante, perfumada, porém oca, sem lágrimas!
Em fim eleita!