A VOZ DE UMA POMBA
Dizem que sou suja, um rato voador. Sou uma praga urbana, que tem que ser combatida. Trago doenças, infesto terminais, roubo os salgadinhos de suas crianças. Outrora, simbolizei a paz, algo que nunca existiu entre vocês, animais pensantes. Sou suja? sim, sou suja. Trago a sujeira da poluição não causada por mim, não tenho carta de motorista. Carro? tampouco. Sim, trago doenças sim, as suas terríveis doenças. Sou um pássaro inocente como qualquer outro. Hoje alimento-me de sujeira, pois, as minhocas que eram minhas por natureza, estão embaixo das ruas de concreto, que meu bico não é capaz de perfurar. Os postes de eletricidade, eram outrora as árvores.
Eu desejo apenas uma coisa; Olhemos ao espelho, que é mais sujo?