Crônica feita pela minha filha Stephanie, 13 anos, pétala da minha vida.
Contado do ponto de vista de seu surrado edredom.

                        Para Sempre Teu

Eu sempre  acompanho minha querida dona, durante a noite, enquanto ela dorme calmamente. Eu estive com ela desde que ela era uma garotinha, e sempre me surpreendia de como como ela cresceu!
L
embro-me de um tempo em que eu podia cobri-la inteiramente, até sobrava grande parte de mim,  mas agora, como ela ficou adolescente, está quase do meu tamanho, e como eu não posso acompanhar o crescimento dela, temo que algum dia, ela ficará grande demais, e vai querer me trocar por um cobertor maoir para suprir sua necessidade de calor que não poderei dar.
Já vi todas as personalidades dela: Quando ela era uma criança com o cabelo liso batendo nos ombros, e de quando cortou a franja do cabelo enquanto corria pela casa.
Geralmente era uma menina tímida, a não ser com quem ela confiasse bem. Ela trazia amigos pela casa e se divertia. Mas a noite, ela era toda minha.

Essa menininha foi crescendo, trocou as bonecas por livros, revistas, gibis. Passava a maior parte do tempo deitada em sua cama, ora sobre mim, ora sob mim, dependendo da temperatura. Os cabelos, ainda lisos, mas chegavam até a metade das costas, com um corte repicado.
Eu lembro de uma vez que me colocaram na máquina de lavar e meu enchimento ficou só em uma parte de mim, o que não era o bastante para aquecer minha senhorita, então fui para a casa de sua avó, por alguns dias, para ela me descosturar e colocar meu enchimento de forma adequada.
Nunca iria me esquecer do rosto de felicidade de minha dona quando me consertaram. Ela sorriu de um jeito que poderia iluminar a casa toda, talvez o quarteirão todo.
Ela me levou para seu quarto, subindo os degraus, pulando alguns, como sempre fazia e me jogou sobre a cama, se pondo sob mim. Ela parecia bem feliz em me ver  e disse para si mesma que não conseguira dormir do mesmo jeito sem mim. Eu sentia o mesmo. Como eu sentia falta do corpo dela enrolado no meu...

Mas as vezes, somente eu, não era suficiente para mantê-la satisfeita, como em noites muito frias de inverno. Por mais que eu tentasse cobri-la com meu calor, eu não conseguia evitar dela tremer dentro de mim. Ela geralmente demorava muito para dormir, e ficava virando para todos os lados da cama, tentando achar uma posição confortável. Mas nessas noites de frio, ela demorava bem mais.
Chegava uma hora que ela se cansava de tentar dormir, sentindo-se desconfortável. Ela se sentava, acendia a luz e se levantava. Ela pegava sua 'coberta reversa' como eu gostava de chamar  e a colocava sobre mim, nunca sob, pois ela gostava de me sentir perto.

Durante a vida, Stephanie mudou de interesses e mudou sua personalidade. Foi passando rapidamente de uma menininha para uma jovem adulta. Durante a vida sofreu perdas e tristezas. Quando acontecia dela chorar, ela se deitava na cama e eu enxugava as lágrimas dela. Embora pessoas possam mudar e ir embora, queria que ela soubesse que eu serei para sempre dela.

Stephanie Masson Cardozo
Enviado por Railda em 08/06/2013
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T4331079
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