ENCONTRANDO-SE NAS AREIAS DO DESERTO DO TEMPO

Na brevidade de minha existência, abri um parênteses para refletir sobre a agonia de meus questionamentos.

Perdido no tempo e pelo tempo, estilhaçado por traumas que fizeram ruir a base sólida da minha vida, vi-me perdido em meio à multidão. Senti-me solitário, sem razão pra viver.

Amargura, solidão, inconstância e sonhos frustrados eram minha triste e habitual realidade.

Eu precisava entender os porquês de minha angústia, pois só assim compreenderia o que se passava em meu ser.

Iniciei uma longa viagem pelos trilhos de minha infância e o que vi não foi nada agradável. Frustração, agonia e dor, que haviam sido enterrados nas covas do tempo, influenciavam-me por toda a minha existência e manipulavam minha maneira de interpretar e viver a vida.

Fui assassinado em minha autoestima, rechaçado, ridicularizado, humilhado.

Foi ali, nas entranhas de minha psique que finalmente me descobri. Desnudei-me e percebi o erro que estava cometendo. Anulara-me para a amor e para a vida. Trilhara o caminho da dor, da solidão e da insensibilidade. Colocara culpa na vida, isentando-me de qualquer responsabilidade, quando na realidade eu também tinha uma parcela de culpa. É bem certo que eu era apenas uma criança indefesa, uma vítima, porém a questão era: viver prisioneiro de um passado que já deveria ter sido sepultado nas areias do deserto do tempo ou vislumbrar um presente que me sinalizava grandes e emocionantes perspectivas? Viver no passado, sofrendo com seus traumas e fadando-me a uma existência de dissabor ou aproveitar intensamente o presente que a vida me oferecia a fim de desfrutar de uma genuína felicidade?

Eu necessitava urgentemente ter um romance com minha própria vida, voltar a me amar, pois só assim minha existência teria sentido.

Enfim, me encontrei e aos poucos estou me conhecendo e descobrindo um mundo de possibilidades à minha frente. Percebi que a felicidade estava tão próxima de mim e eu não a enxergava. Passei a amar mais tudo o que tenho do que o que quero.

Estou em processo de evolução.

ROGÉRIO RAMOS
Enviado por ROGÉRIO RAMOS em 07/06/2013
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