CRÔNICA – O futebol brasileiro – 07.06.2013
 
 
CRÔNICA – O futebol brasileiro – 07.06.2013
 

 
            Quando me propus rabiscar aqui no Recanto das Letras, e nisso já se vão mais de três anos, o fiz com o desejo de não limitar a minha atuação, porquanto desejava falar sobre todo e qualquer assunto de meu interesse pessoal e muito mais ainda dos leitores.
 
            Sobre o futebol brasileiro, diga-se de passagem, havia prometido a mim mesmo que não mais escreveria patavina, tudo por conta da imoralidade que grassa no meio, inclusive na Confederação Brasileira de Futebol, que é a célula mãe, e uma vez empestada de micróbios certamente que os transmite às filiadas e aos clubes por este país afora. Mas há histórico de verdadeiros escândalos também da FIFA – Federação Internacional de Futebol Associação, inclusive quando presidida pelo doutor João Havelange, sogro do famigerado Ricardo Teixeira, que o sucedeu na CBF.
 
            Pra começo de conversa, vamos nos reportar à seleção canarinho. Desde o final da Copa do Mundo de 2010, quando fomos eliminados pela Holanda, numa falha da defesa e do goleiro Júlio César, esse mesmo que aí está como titular na escalação do Luiz Felipe, que não se organiza uma equipe forte. É inacreditável que em três anos um país tão grande, com milhares de agremiações e campeonatos que vão da série A à D, goleiro algum tenha tido destaque. Mas aí é onde está o segredo. Vindo do exterior, onde joga num clube de divisões inferiores da Inglaterra, fica mais fácil de obscurecer o verdadeiro sentido, a intenção que corre por trás dos interesses de empresários e dirigentes de nosso futebol. Falou-se que seu salário seria de R$ 430 mil reais por mês, e que poderia estar vindo jogar no Internacional de Porto Alegre, que faria um contrato de garantia para a aposentadoria do referido atleta. Sim, porque com 32 anos e mais um contrato de três temporadas sua renda estaria assegurada.
 
            Vejam, por favor, que coisa absurda: Desde 2010 que não temos nem sequer um time base para garantir um desempenho respeitável na Copa das Confederações que se avizinha. Perdeu-se o trabalho do Mano Menezes, que nem podia ser medido por falta de condições e suporte. Mas quem não sabia que o treinador oficial seria esse que aí está! Ora, era púbico e notório. Não teria sido melhor que desde então fossem selecionados atletas somente que praticam o futebol aqui no país! Todos os meses se faria um amistoso, no princípio com seleções estaduais, e depois com internacionais de porte médio a razoável, e a partir de agora somente com selecionados de médio e bom porte. Preferem os de fora, pois as negociações são “grossas”, abundantes, o dinheiro jorra em detrimento de programas sociais brasileiros, notadamente nas áreas da saúde, educação, segurança e transporte. Até desconfiam de possível omissão do Banco Central nas transações de atletas para fora ou dentro do nosso país. Ninguém ainda entendeu como um país falido se sujeita a obedecer a uma entidade internacional e tira da boca dos brasileiros as benesses garantidas pela constituição.
 
            Um fato que me deixou perplexo foi saber, através de um amigo, quando bebericávamos na mesa de um bar, que a comissão técnica do nosso selecionado, considerados apenas o Felipão, Parreira, Murtosa, o fisicultor Paulo Paixão e o médico, Dr. Runco, custa aos bolsos dos brasileiros a bagatela de R$ 6 milhões de reais por mês, isso afora a premiação por vitórias e pela conquista da Copa, se acontecer. Claro que a eles se juntam massagistas, roupeiros, tesoureiro, relações públicas, cozinheiros, etc. Todavia, quem manda mesmo é o chefão Sccolari, esse que de vez em quando trata mal a nossa imprensa, os nossos repórteres, dando prioridade àqueles da Rede Globo de Televisão, que exerce seu prestígio e sua força para fazer pressão e chegar primeiro, assim como se fora um monopólio inaceitável.
 
            Sobre o futebol, o time que vai nos representar, quero crer que ainda não se tem uma decisão, uma escalação definitiva, eis que dúvidas existem na cabeça do chefe, que é reconhecidamente um homem de esquema defensivo. O Brasil está tão decadente que sujeita um atleta com uma costela fraturada a exercer a posição de centroavante (O Fred, do Fluminense), que sabe fazer gols, mas está sendo exposto ao fracasso se essa contusão começar a incomodar, a doer. Com esse joguinho de recuar bolas sempre para a defesa as jogadas ficam manjadas, a pressão do adversário cresce e podemos até ser eliminados no início da Copa, pois vamos pegar o Japão, o México e a Itália pra começo de conversa. Com uma vitória e um empate seria classificado, mas poderá haver surpresa, pois o México é osso duro de roer, a Azurra está bem boa, e o Japão seria uma espécie de zebra.
 
            Derivando um pouco, pra não dizer que não falei de clubes, deparamo-nos com a situação do Atlético Mineiro, o conhecido Galo, tido e havido pela crônica esportiva como o melhor time do país na atualidade. Ora tenham dó, empatar em 1 x 1 com o modesto Tijuana do México, em plena Belo Horizonte, assim mesmo com o goleiro Vitor rebatendo com o pé esquerdo uma penalidade máxima decretada já nos descontos, aos 47 minutos, é muito pouco para o que merecem os brasileiros, especialmente os mineiros. O ponto chave da questão é que o Atlético só joga bem quando o senhor Ronaldinho Gaúcho está de bem com a vida, sem problemas, solto na buraqueira, sem compromisso sério; então ele casa e batiza e dá tudo certo, faz seu show particular, todavia não se enganem que a sua convocação para o escrete vinha servindo de grande incentivo ao seu desempenho no clube.
 
            Sobre a venda de bebida no estádio, na arena como estão chamando essas verdadeiras construções voluptuosas, uma coisa me chamou a atenção: Aqui em Pernambuco, por exemplo, está proibida a comercialização até de cerveja para os jogos nacionais, todavia, numa atitude própria de quem é subserviente, acabam de facilitar as coisas no período da Copa das Confederações. É a FIFA e as fábricas dando as ordens num país desmoralizado. É o vil metal dando as ordens. Outra coisa, nem barracas e nem ambulantes poderão ser encontrados ao longo de um quilômetro de distância da Arena Itaipava. Aliás, a Arena Fonte Nova, na Bahia, também recebeu o nome dessa fábrica, que pagou nada mais nada menos do que R$ 10 milhões a cada uma, por um contrato de exclusividade até 2023.
 
            Diante de tanta imoralidade, volto a não torcer contra o Brasil, mas seria bom que ele nem se classificasse para a segunda fase da disputa, porque seria um prêmio à malandragem, ao desvio do dinheiro do povo e ao descaramento de dizer que não se tem dinheiro para obras imprescindíveis e indispensáveis à saúde dos nossos irmãos.
 
            Teremos um novo amistoso no próximo domingo, desta feita conta a seleção francesa, que tem tomado gosto nas partidas conosco, tornando-se uma barreira difícil de ser ultrapassada. Não sei como anda a atual equipe, todavia não será fácil demais uma vitória nossa diante do ex-selecionado de Zidane.
 
Fico por aqui.
 
Ansilgus.

18/06/2013 19:23 - Giustina, grande escritora, compareceu assim:
Bem, passamos pelo Japão... rrs! Vamos ver o México amanhã... Infelizmente, assim como em qualquer setor da atividade humana, quando o dinheiro passa a ser o Rei, a coisa degringola. Por isso nosso futebol arte há tempos que anda sumido. Como professora estadual eu vejo isso acontecer na Educação: interesses escusos soterraram a Educação de qualidade, a começar pelo pouco caso com que tratam os professores. Tanto fizeram que o professor se tornou um miserável, sem interesse e sem esperança. Bela crônica, mais uma vez! Beijão, querido amigo.
Para o texto: CRÔNICA - O futebol brasileiro - 07.06.2013 (T4330218)
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 07/06/2013
Reeditado em 18/06/2013
Código do texto: T4330218
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