A Mulher e a Serpente

- “Aquela mulher é uma víbora!” - não é necessário ir muito longe para se deparar com uma expressa desse tipo. Quem sabe você leitor amigo já tenha ouvido algo como “a sogra do fulano é uma cascave!”, ou “a mulher do beltrano é uma jararaca!”. Para se referir a uma mexeriqueira de mão cheia (quero dizer, de língua afiada para falar da vida alheia), dizem, por exemplo, “aquela vizinha tem veneno de cobra na língua, de tão maldosa e cruel que é”. Uma mulher desprovida de beleza física, aliada à sua carranca e braveza, diriam os menos sensíveis que "ela se parece com o cruzamento de um urutu cruzeiro com surucucu” (um aparte: toda mulher tem sua beleza, se não for física, é pela simpatia, educação ou talento). Continuando, as amigas invejosas se elogiaram mutuamente assim: “você, queridinha, além de peçonhenta, troca de roupa como cobra troca de pele”. Até mesmo, “depois que perdeu o marido, além de viúva-negra, cicrana virou uma carinana”. Enfim, atribui-se indiscriminadamente à mulher de índole má íntima ligação à serpente, no perigo, no veneno ou na dissimulação. Certo? Não, errado! Cobra é substantivo epiceno, de onde se originam “cobra macho” ou “cobra fêmea”. Portanto, nenhuma exclusividade do sexo feminino. Existem muitos repteis do sexo masculino. Provado e comprovado. Então, da próxima vez que você achar que mulher é sinônimo de cobra, reconsidere sua avaliação. Ou, pior, cuidado para não morder a língua, sua peçonha pode estar ativa.

magnodelaramadeira
Enviado por magnodelaramadeira em 06/06/2013
Reeditado em 07/06/2013
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