QUE PENA...
É uma pena o Cardeal Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco, não poder escrever juntamente com o rabino Scorka um segundo livro que planejavam. O primeiro, “Sobre o Céu e a Terra”, traz a interlocução das isonômicas ideias convergentes na simplicidade da necessária humanidade. A situação atual no ministério do papado não permite. Diz o rabino Abrahan Scorka :“ Quando eu for a Roma ele não poderá passear comigo nem sair para tomar um café”. Incrivelmente, aos olhos da recusa de imprevidentes, de ritos e protocolos, a comunhão de ambos é fortíssima. Ninguém divide o que se iguala na amizade da compreensão do que para muitos é incompreensível.
O furto de conhecermos posições ecléticas-ecumênicas de personalidades marcantes, que seriam consignadas em segundo livro, é imperdoável, incomoda e adjetiva de ignara instituições seculares, o que nenhuma contribuição traz para o progresso do homem, paradoxalmente. Credite-se a essa caminhada sem sentido, às barreiras do entendimento que se opõem ao que haveria de melhor em pensamento, com setas dirigidas para a unidade.
A crucificação do Cristo, o judeu não aceito pelo judaísmo, rejeitada a nova-aliança, não afastou a amizade do rabino e do cardeal, ambos religiosos de Buenos Aires, antes aproximou-os. Comungavam na fala dos profetas. Conheciam e discutiam com profundidade a sabedoria deles emanada.
O que divide o homem não são as ideias, mas a ideia insuficiente de que todos podem se amar, serem irmãos em identidade de valores, independente de seguimentos religiosos, filosóficos, e até mesmo políticos. Quando todas as linhas buscam o bem, a paz, o entendimento, não pode haver divisão, mas comunhão e máxima aceitação, sem reservas. A oposição de regras insatisfatórias atravessam a elevação necessária para a solução dos entraves da humanidade. São esses códigos, essa normatização emparedada, liturgias e ritos desavindos, que explicam o andamento do mundo em desarmonia e falta de paz.