Elas, eu
          e o Pequeno Príncipe




       Não se esqueça, meu caro leitor, que este desgastado cronista adora o concurso de misse, e nos três estágios: local, nacional e universal.
      Já disse, e não me canso de repetir, que é melhor ver mulheres desfilando seminuas, lindas, provocantes, maravilhosas de ter que suportar o riso amarelo e falso de manjados figurões da política nacional, com barba ou sem barba.

          Muito bem. Conheci pessoalmente - embora respeitando a distância estabelecida pela segurança contratada - três misses Brasil e uma misse Universo. Duas baianas e uma cearense, minha conterrânea.
     A miss Brasil cearense, Emília Correia Lima, eleita em 1955; e as duas misses Brasil baianas, Marta Rocha, eleita em 1954 e Martha Vasconcellos, eleita em 1968, esta  eleita miss Universo.
     Esse concurso, ao que me parece, vai aos pouco ressuscitando - graças à Rede Bandeirantes de Rádio e TV -, foi, nos últimos vinte anos, esquecido ou relegado a um plano inferior.
    Algumas edições aconteceram, porém, muito acanhadas; sem o apoio do grande público. Nesse espaço de tempo, tiveram uma plateia formada por meia dúzia de gatos pingados, aliados aos representantes dos patrocinadores do evento, que levavam uma nota.
     A grande mídia lhe não deu, ao longo desses anos, o merecido destaque. Uma pena porque, através desse concurso, homenageia-se, sim, a beleza física da mulher brasileira, mostrando-a de corpo inteiro ao mundo.  Acreditem também: prestigiar, promover um concurso de beleza é proporcionar instantes de alegria ao povo, ao povão.  
     Nos concursos de misse doutrora, havia um momento em que as candidatas eram convidadas a provar, perante os jurados, sua desenvoltura retórica e nível intelectual.  Em última análise,  servia para mostrar que elas eram belas, mas não eram  burras. 
     A depender da pergunta, elas falavam sobre seus países, seus governantes, e citavam os escritores de sua preferência. Algumas só os conheciam de nome, é forçoso dizer. Não haviam lido uma só página do autor pelo qual se diziam apaixonadas.
     As candidatas geralmente se declaravam fãs de Jorge Amado. Mas se lhes perguntassem o que Gabriela, Vadinho e dona Flor andaram aprontando nos romances do Amado Jorge elas teriam dificuldades de traçar até o perfil desses personagens que colocaram o saudoso escritor baiano no pódio.

      Mas, além dos romances do Jorge, outro livro era citadíssimo pelas jovens que disputavam o "cetro da beleza". Passou até a ser conhecido como "o livro das misses". 
     Pesquisas confirmam que o "livro das misses" tem uma trajetória gloriosa, desde sua publicação. Vejam: foi traduzido em mais de 250 línguas e até dialetos; é a terceira obra mais vendida do mundo; no Brasil, a Editora que o publica informa que, por ano, são vendidos aproximadamente 300 mil exemplares. 
     O livro é o "Le Petit Prince". No Brasil, "O Pequeno Príncipe"; em Portugal, "O Principizinho".
     Esse livro é o que escreveu a escritora Marina Colasanti, mulher do aplaudido escritor Affonso Romano de Sant´Anna: "Sua história fala de amor, de diversidade e de morte. Melancolia é a pauta sobre a qual foi escrito. "O Pequeno Príncipe"  não é uma criança brincalhona e feliz, é alguém que se debruça sobre a vida, e pensa."
     "O Pequeno Príncipe" esta completando 70 anos.  Foi publicado em abril de 1943. O clássico de Antoine Saint-Exupéry já vendeu, desde o seu nascimento, 143 milhões de cópias. 
     Ganhei, de algumas namoradas que povoaram minha mocidade, exemplares desse encantador livro.
     Muitas, diga-se a verdade, impressionadas com o seu título, achavam que o príncipe do livro estaria na pessoa do seu namorado! E eu, que houvera lido "O Pequeno Príncipe", divertia-me com a ingenuidade dessas meninas...

      
     

      
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 05/06/2013
Reeditado em 07/12/2020
Código do texto: T4326970
Classificação de conteúdo: seguro