EM TEMPO

e souza

O tal negócio do tempo é danadinho mesmo, pega todo mundo de surpresa e sem tempo. Quem dera eu estivesse falando daquelas lindas e quase solitárias deusas do tempo que entram em nossos lares pelas telinhas. O tempo é convenção, pode parecer estranho, mas meu relógio de pulso não têm ponteiros até aí tudo bem, se ele fosse digital, mas têm ponteiros, quero dizer, sem ponteiros. Foi uma colisão na passagem da cozinha para o banheiro, no corredor bati o relógio em uma quina, na esquina e lá se foram o vidro e os ponteiros chão abaixo, mas nem tudo se perdeu, sobraram a caixa com a máquina e acreditem, ainda funciona, de certa forma ficou quase inteiro no meu pulso. Eu ainda uso, porque além de refém do tempo como convém, sou também do adorno, às vezes quando me perguntam o porquê uso em relógio sem ponteiros, respondo que não gosto de me atrasar, nem ficar perdido no tempo, já que o tempo não para, então para que preciso de ponteiros? Em contra partida tenho bons amigos; o Jonatas me presenteou com um relógio novo, o Uelinton também. São pessoas especiais para mim. Todo tempo é subjetivo, isso através dos tempos, pois depende que lado se está da porta do banheiro. Os relógios de bolsos são lindos, são peças elegantes. Tenho outro relógio em casa que têm todos os ponteiros, mas não têm números e funciona. Então não vamos perder tempo, o sujeito que inventou essa coisa de tempo, foi um cara que estava matando o tempo e ele também enforcava as horas e ficou parado no tempo, e ficamos reféns dele até hoje. Minha nossa! Meu tempo está se esgotando, tenho de ir trabalhar, eu faço isso também. O Millôr Fernandes estava com razão “o tempo não existe, só existe o passar do tempo”.

edsontomazdesouza@gmail.com

E Souza
Enviado por E Souza em 05/06/2013
Reeditado em 26/07/2014
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