CÃO SULTÃO

Em um bairro pobre de uma cidade da grande São Paulo, uma cachorra vira-lata dá cria a vários cachorrinhos, era uma cachorra sem dono que pariu na rua mesmo. Uma senhora sentindo que várias vidas estavam em risco, recolhe a cachorra e sua cria e leva-os para uma entidade de proteção aos animais e ficariam à espera de alguém que os adotassem.

Enquanto isso, no outro lado da cidade, num condomínio plano de luxo, uma criança de 7 anos pede aos pais um cachorrinho. Os pais, conhecedores dessa entidade, vão até o local e a criança escolhe um macho que logo se chamou Snoppy (esse mesmo, aquele cãozinho do desenho animado amigo do Charlie Brown). Foi tratado com mamadeira e sempre tinha o carinho da criança. Snoopy cresceu. Acontece que os pais trabalhavam e a criança tinha escola em período integral, de forma que ele ficava em companhia da empregada doméstica que trabalhava das 8 às 14:00 horas. Nesse espaço de tempo ele era um cão comportado, mas quando ficava só latia, uivava e “chorava” até que seus donos voltassem. Isso estava incomodando a vizinhança que não perdoava. Queixas e mais queixas, até notificações da administração do condomínio foi recebida.

Levaram Snoopy ao veterinário e o diagnóstico foi: Depressão Canina. -Ele sente falta de companhia, disse o veterinário.

Agora Snoopy estava doente e a vizinhança de saco cheio. O que fazer?

- Vamos levá-lo para a chácara. Lá estão a Mãe e a Vó o dia todo, o terreno é grande e há também duas cachorras.

No fim de semana seguinte Snoopy mudou de residência, num município a 120 quilômetros de onde estava. A duas cachorras estavam velhas e a dona tinha se esquecido de levá-las ao veterinário para aplicar o anticoncepcional, já que possivelmente nem cria pegariam. Que ledo engano e felicidade para o Snoopy, assim que viu as duas cadelinhas (Fox Paulistinha) não resistiu a um “crau” nas duas e pôs-se a correr. Que mudança radical. Agora ele se sentia um sultão, embora tivesse apenas duas odaliscas, mas para quem não tinha nada de liberdade e companhia, pode-se dizer que era um mini-harém. As duas cadelas ficaram prenhas. A mais velha que já estava até cega, veio a falecer. A outra deu cria a outra cachorra. Snoopy continuava com duas “odaliscas”. A filha de Snoopy desapareceu, talvez a tivessem roubado e sua odalisca morreu pouco tempo depois.

Das pessoas que moravam na chácara, a Vó, infelizmente, faleceu. A chácara foi posta à venda. A dona mudou-se, mas não pode levar o Snoopy, pois aonde foi morar não é permitido o trânsito de cães pela área do condomínio e ele não é cão para ficar em casa. Embora tenha quem o trate, Snoopy voltou a ficar só. Agora com 12 anos (uma idade já avançada para um cão), Snoopy mostra sinais de velhice e suas consequências. Está com bico de papagaio, tem dificuldade para andar e sente dor quando abana o rabo ao ver gente conhecida.

Amigos recantistas, esta é uma história real de um cão que nasceu no nada, adoeceu por solidão, veio a ter uma vida feliz e confortável e repentinamente voltou à solidão e ao nada. Quantos seres humanos tem uma história semelhante e estão abandonados em asilos? Creio que se Snoopy tivesse consciência, certamente estaria pensando: “Quando será o meu fim”?

Será mesmo que os animais não tem consciência?

SANTO BRONZATO 05/6/2.013.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 05/06/2013
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