Photoshop da memória
Quando a gente lembra de algum fato do passado, vem à nossa cabeça imediatamente aquele sentimento de que tudo era bem melhor. Lembramos dos nossos dias de infância como um período mágico, os tempos em que todos eram felizes, se davam bem, tinham tudo o que precisavam e a vida... bem, a vida era alguma coisa que acontecia naturalmente.
Até mesmo os dias chuvosos passados dentro de casa assistindo à Sessão da Tarde (agora que fazem parte apenas da memória) eram cheios de beleza! Recordamos os bolinhos de chuva, o jogo de varetas, o cheirinho de café pela casa... mas não nos lembramos do quanto reclamávamos do tédio de não poder sair para brincar lá fora. E nem das muitas coisas que desejávamos ter, mas que nossos pais não tinham recursos para nos proporcionar.
É que o tempo, conforme passa, é submetido ao photoshop da memória; tendemos a lembrar o que era bom. A não ser os pessimistas, que fazem photoshop ao contrário, e só recordam o que foi ruim. Pensando bem, a vida é só a vida, e sempre existirão bons e maus momentos em qualquer época. Conforme vamos amadurecendo, - se realmente amadurecermos, e não apenas ficarmos mais velhos - percebemos que tudo vale a pena, e que até mesmo dos momentos ruins é possível tirar alguma coisa boa.
Os bons tempos podem ser agora. Os maus, também. E isto depende bem menos do que nos acontece do que da maneira como encaramos os fatos. É um cliché, e eu sei disso; mas é a mais pura verdade, e a vida é um cliché.