O COLECIONADOR

Tenho visto e ouvido fatos estarrecedores. Não encontrando em mim sabedoria o bastante para compreender tais fatos, vou tateando em busca de livros, profissionais da área, conteúdos de pesquisas, opiniões e relatos de pessoas que vivenciaram situações assim, desconhecidas para mim.

Na verdade refiro-me aqui as três jovens sequestradas e mantidas reféns dentro de uma casa por cerca de dez anos nos Estados Unidos. Refiro-me aqui a psicopatia humana.

Lendo aqui e ali deparo-me com um livro que chamou-me muito a atenção. O livro '' O colecionador '' do autor '' John Fowles ''. Ao adquirir e ler este livro, obtive um entendimento mais amplo sobre as mentes perturbadas dos psicopatas mórbidos, cruéis, insensíveis e dignos de piedade.

O livro conta a história de um colecionador de borboletas. Uma pessoa com uma história de vida própria doentia. Infância com repreensões contínuas, trabalho forçado, fome e desejos irrealizados.

Visão sorrateira de sexualidade promíscua, de cheiro azedo e gosto amargo. O gosto do desgosto da banalização do amor.

Um adulto colecionador da dor alheia, da privação da liberdade. Um colecionador que se acha bom e amável com suas vítimas, dando-lhes a atenção que ele tanto desejou ter a vida inteira, como se dar um olhar apreciatível, uma demonstração de poder e superioridade da força física, fosse dar brilho aos olhos das suas vítimas, como se suas vítimas acuadas e sofredoras fossem o alento necessário a sua sobrevivência.

O colecionador mostra que pessoas assim desiquilibradas são pessoas que vivem amores platônicos, amores mesclados entre prazer e dor, sofrimento e alegria, elas não tem o censo de racionalidade dos animais racionais, são como feras que agem por instinto.

A psicopatia em suas pesquisas relata o perfil do psicopata como um obscegado por objetos contemplativos. Ao olhar sua presa sente como se sua imagem ao espelho revelasse um ser supremo, um ser acima do bem e do mal.

Ao ver e ouvir fatos estarrecedores assim penso muito em como o mundo esta cada vez mais repleto de mitos e de deformações sociais. Quantos e quantos seres vivem por aí sem conseguir perceber, e muito menos viver a sua própria verdade. Enxergar essa verdade e tentar tratar, entender, pedir ajuda.

Quantos e quantos seres pedem ajuda, reconhecem-se doentes, mas são ignorados, esquecidos, mal compreendidos e não aceitos.

Outras histórias dramáticas semelhantes às das três meninas americanas foram descobertas nos últimos anos. Na Áustria, Natascha Kampusch foi sequestrada quando tinha dez anos de idade e mantida refém durante oito anos. Em 2006, quando ela conseguiu escapar, seu sequestrador, Wolfgang Priklopil, se suicidou.

Em 2008 foi descoberto o caso do austríaco Josef Fritzl. Ele teve sete filhos com a própria filha e cumpre prisão perpétua. A jovem passou 24 anos trancada em um porão dentro de casa. Nos Estados Unidos, Jaycee Lee Dugard foi sequestrada por Phillip Garrido e a esposa dele enquanto esperava o ônibus da escola. Ela ficou presa por 18 anos e teve duas filhas que seriam do sequestrador. Ela foi libertada em 2009.

O colecionador mostra o psicopata como sendo egocentrico, mas uma pessoa encantadora, um ser que causa boa impressão, uma pessoa tida como normal pra quem o conhece superficialmente, no entando são desosnestas e indignas de confiança. Com frequência são pessoas que adotam comportamentos irresponsáveis e sempre se desculpam muito ou colocando a culpa em outras pessoas.

Poderia escrever muito mais sobre o livro e a gama de conhecimentos que ele nos transmite, mas apenas sujerirei que o leiam, pois vale a pena. É um livro que nos remete a reflexões comportamentais. É importante saber sempre mais pois nunca sabemos quem mora ao lado, quem é quem de verdade e nem mesmo quem somos...pois creio sermos todos uma enorme incógnita filosófica, colecionadores de mistérios.