NÓS
Vai-se a vida num emaranhado de ações, situações, visões, ilusões...
São tantos nós a perderem-se em meio a voltas e mais voltas; tantas, que a vista deixa de alcançar a ponta, o início da corda, do laço, e o fim...esse mesmo que é o próprio desconhecido, não se sabe ao certo onde vai dar.
Às vezes as coisas vão chegando de mansinho, vão dizendo aos pouquinhos a que vieram; dando ao sujeito a oportunidade de decidir se quer ou não que elas permaneçam; se quer que elas sejam mais um tijolinho sob os pés a construir a estrada da vida; mais uma etapa de uma existência de estradas desconhecidas...
Outras chegam e nem sequer batem na porta. Vão entrando, invadindo, sem autorização, sem mandado, sem permissão...
Não se interessam por qualquer opinião. Simplesmente chegam e, autoritariamente, mudam todo o rumo das coisas; apagam planos rabiscados; mudam todos os trajetos já traçados; nem se importam com todos os cálculos já feitos, nem mesmo com os riscos a que o sujeito se recusa correr. São prepotentes, extravagantes, espaçosas. Causam profunda irritação, mas intimidam ainda mais e, por vezes, calam a voz de protesto alojada no peito.
Porém, há sempre um plano B, e um C, e um D...
Não se desiste facilmente do traçado inicial. Daquele que nasceu do autoconhecimento e foi parar ali naquele papel, o papel da razão e da emoção também. Emoção e razão, razão e emoção, assim mesmo, sempre juntas; juntas porque somos a perfeita mistura de ambas, um nó saudável das duas.
Mesmo que tempestades cheguem, tornados passem, furacões se abatam nessa estrada, ainda assim a estrada é segura; ainda assim sabe-se perfeitamente qual é a direção. A bússola do coração é perfeita; nunca precisa de reparos, consertos, é sempre o jeito certo de sair da escuridão.
Não há nó tão apertado que não possa se desprender. Se estiver do lado errado, uma hora a vista há de alcançar a ponta e, no fim, vai ficando tudo acertado. O vento amansa, fica brisa; a tempestade se aquieta, vira fina chuva, apenas molha o chão e traz mais vida.