CASA AMARELA

CASA AMARELA

Fiz o vestibular e frequentei o primeiro ano, na Faculdade de Direito de São José dos Campos. Muito puxado. Ia toda noite. Assim, no segundo ano, me transferi para Santos, no período da manhã. Mesmo sendo curso com presença obrigatória, a vida melhorou muito. Adaptei o horário com o trabalho na Prefeitura de São Bernardo do Campo.

No começo dos anos 60, a Faculdade Católica de Direito de Santos era a única na cidade, sendo mantida pela Sociedade Visconde de São Leopoldo, dirigida pela Diocese de Santos. Costumo dizer sempre, uma escola séria, com bons professores, exigente na presença do aluno. As classes de 60 alunos ofereciam condições de bom aprendizado. Adaptada a um casarão, a Faculdade, pela cor, ficou conhecida como Casa Amarela.

Nossa turma era muito unida, e nos longos cinco anos de curso, fizemos inúmeras amizades. Tanto que, todo final de ano, nos reunimos para o jantar de confraternização. Nessas ocasiões a presença é muito boa, e o reencontro torna-se bem agradável, apenas não muito, quando se nota a ausência de um ou outro, e que o motivo da falta é o falecimento. Infelizmente, a cada ano a lista dos que se foram, cresce. No último estávamos em torno de 45 colegas. Então, nessas ocasiões, repito, é que sentimos como os anos passam. Que o tempo caminha de modo inexorável. Até brinquei:

- Puxa! Nunca me dei conta de que na classe havia tanto velho!

São passados já 43 anos da formatura! Com os cinco de curso, quarenta e oito anos! É muito tempo! Dos já falecidos, lembro-me, com muita saudade, da Leda, uma graça de moça, que esteve em meu casamento, aqui em Santo André. Do Daniel, grande amigo, bom jogador de futebol, canhoto, que me deixou muito chateado na última vez que o vi, num dos encontros, e percebi que não andava bem na vida, mal ajambrado, abusando do álcool. Uma pena! Do Arnaldo Bruna, puro italiano, cara de mafioso. Nunca me esqueço, na cerimônia de colação de grau, ele ao meu lado, ao passar seus familiares, apontou:

- La mamma, la suocera e la fidenzata!

Palavras que guardo até hoje. Logo depois, fomos comer pizza em seu restaurante no Gonzaga.

No encontro, a alegria de estarmos juntos, imperava.

Abraços fortes, até beijos, demonstrando a sinceridade do prazer em nos encontrarmos. As fotos, a lista de presença (sumiram com a da Lilian!), o álbum da Cleide, passavam de mãos em mãos, cada um exclamando, como eu era magrinho! Moço! Bonito...!

Na despedida, entre os votos de boas festas que se aproximam, fica bem evidenciado o desejo de todos, de nos revermos no próximo ano, pois, esses momentos são muitos especiais, e significam que a vida continua, mas, que a amizade, o carinho desse grupo, permanecem intactos!

Até o próximo, meus amigos! Com muita saúde, paz e alegria!

PS- Crônica constante do livro COMO SE FOSSE HOJE, escrita em 2009.

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 04/06/2013
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