O importante é a vitória

   Tenho visto e ouvido muitas pessoas indignadas com os bilhões de reais gastos na construção e reforma de estádios para as Copas das Confederações e a do Mundo. É verdade, é muito dinheiro. É tanto, que a gente nem consegue imaginar. Dinheiro que poderia, se não resolver de vez, pelo menos minimizar a caótica situação da saúde, da educação, da moradia, dos transportes e de tantos outros setores em nosso país. Concordo que os governantes não têm se esforçado para resolver esses problemas, e não é muito difícil entender a lógica deles. Na mentalidade da maioria dos políticos brasileiros, quanto mais problemas melhor porque, em épocas de eleição, eles têm como fazer suas promessas. Se estiver tudo direitinho, bonitinho, funcionando perfeitamente, o que prometer para o povo?
   Mas vamos ao que interessa nesse momento: o futebol. Ou você pensa que as pessoas que mais criticam não serão as primeiras a vestir a camisa da Seleção Brasileira e ir para os estádios cantando: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”? Eu sou capaz de apostar nisso. E quem não puder ir aos estádios, com certeza, irá vestir a camisa do mesmo jeito, vai pintar e enfeitar sua rua, vai pegar sua bandeira e pendurar na fachada de casa, e vai comprar uma televisão enorme dessas em HD, nem que seja para pagar em vinte e quatro prestações, para assistir aos jogos com direito a petiscos (ou churrasco), cerveja, muitos amigos e fogos de artifício. Caso o Brasil ganhe, ao término do jogo, vai pra rua fazer carreata, buzinaço, tocar e cantar samba até de madrugada sem nem se lembrar que logo de manhã tem de trabalhar. No trabalho, vai comentar o jogo, só vai falar do jogo, vai eleger o melhor em campo, vai dividir o dinheiro do bolão, vai questionar a arbitragem - “poderíamos ter feito mais um, mas o safado do juiz não marcou um pênalti”. Se o Brasil não ganhar, muita gente vai ter depressão, ah se vai.
    Brasileiro é assim, não tem jeito. Malha o governo, reclama do patrão, da condução, da inflação, da corrupção, da educação, da habitação, da poluição, da inundação, mas é apaixonado pela Seleção. E na hora que ela está em campo, nada mais importa, o importante é a vitória.
   Todo brasileiro se sente um técnico. Até eu me sinto. Se eu fosse o Filipão não teria deixado o Ronaldinho Gaúcho de fora na última convocação. Ainda bem que ele chamou o Fred, o Jean e o Diego Cavallieri, jogadores do meu Fluminense.
   O Brasil acumula cinco títulos mundiais no futebol e já faz algum tempo que está buscando o sexto. Ser hexacampeão, nossa, é o sonho. Agora então, que a Copa do Mundo vai ser aqui, o torcedor brasileiro não pensa em outra coisa. Até pensa, até reclama, mas só até o início de cada partida. Durante os noventa minutos de jogo que ninguém venha falar em contas, dívidas e outras “bobagens”.
   Eu não sou Pollyana, mas gosto de brincar o jogo do contente. É que eu procuro sempre ver o lado bom das coisas. Por exemplo, olha a quantidade de empregos que essas obras estão gerando, direta e indiretamente. E vai gerar muito mais na época dos eventos. Muitos setores serão beneficiados: o turismo, a hotelaria, os bares e restaurantes, o comércio de um modo geral, enfim, é dinheiro sendo injetado na nossa economia. Está bem, eu sei que tem gente levando muita grana por baixo dos panos. Mas, se a gente for olhar só por esse lado, vamos perder noites de sono e nada vai mudar. Então, vamos considerar o que será benéfico para a população. Emprego é a primeira coisa. Cidades mais estruturadas, melhoria nos transportes e claro, estádios lindos, modernos, comparáveis aos maiores e melhores do mundo. Afinal, se o Brasil é o maior campeão de todas as Copas, ele merece ter estádios à altura de seus títulos.
   Portanto, pseudossocialistas deixem de falácia e assumam que se sentem orgulhosos de o Brasil apresentar ao mundo a competência não só de jogar bola, mas também de construir grandes arenas.
   
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 04/06/2013
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