As Tempestades Que nos Amanhecem
Uma tempestade me amanheceu, e eu acordei arrumando uma desculpa para desconfiar do meu destino , mas ele estava lá me encarando de frente e lembrando que , e ás vezes, o vento forte pode nos arrebatar. A cidade chovia frio , e as gotas na janela reforçavam essa verdade. E diante desse impasse,o dia escureceu me devolvendo a humildade que fora levada naqueles dias de sol .
E as ventanias sempre chegam de todas as formas, com todas as letras, por todos os planos;e quando elas nos atravessam não há caminho que fique de pé.
E se o céu , antes nos entregou um dia perfeito, é preciso também aceitar sem pressa nossas enchentes, cheias de dores levando nossas certezas. E se abrirmos nossas noites escurecidas de futuros, ausentes de milagres e carregadas de esperas cheias de paz, encontraremos no fim o nosso paraíso.
E se nós,como mundo em águas profundas,cheios de ilhas desertas ,no meio de mares nunca navegados,atravessarmos as terras distantes na vasta extensão de esperança, desbravaremos universos desconhecidos habitados por um céu de alianças delicadas se desmanchando na eternidade.Então, seremos população que se habita no infinito.E, então,nosso ponto final mal entendido será explicado, nossos contos inacabados serão terminados ,nossos romances desconhecidos reconhecerão seus personagens , e o rascunho daquela história guardada será finalizadas.
Por isso, perpetue a glória do momento, faça durar o que não se pôde evitar, imortalize as manhãs delicadas, eternize as madrugadas contornadas de belezas macias; ponha um ponto final no que insistiu em doer, faça uma parada na eternidade sujeitas pelas despedidas. Encontre as palavras não ditas, provoque o indizível, force as impossibilidades, ignore o luto revestido de noites pesadas, escape do que se foi. E no fim, orações , musicas, perfumes, cores e pedras preciosas vão me transportando e devolvendo meus sentidos e resgatando a pureza do amanhecer
Rosangela Brunet