Ser prolixa
Os professores costumam reclamar que os estudantes não gostam de escrever. Comigo é justamente o contrário. Os professores reclamam que gosto de escrever até demais. Muitos já fizeram até piadas em relação à minha tendência à prolixidade. E o fato de gostar muito de escrever tem me rendido brincadeiras por parte dos colegas, que dizem que não escrevo provas, mas verdadeiros jornais.
Admito que escrevo mesmo. Minhas provas têm cinco páginas ou até seis porque, quando vou responder às questões, eu não gosto de me limitar a escrever sim ou não. Gosto de justificar porque penso que o sim ou o não é correto, analisar o assunto e descrever todas as características. Acredito que analisar enriquece a resposta, mas os professores me chateiam, dizendo que "não tenho que destrinchar tanto os assuntos". E meus trabalhos são longos. Eu esmiuço todas as características daquilo que analiso.
Não o faço com intenção de enfeitar, mas de explicar. Entretanto, nem todos entendem assim. E minha professora orientadora, que é bastante perfeccionista, diz que não preciso ser tão prolixa para explicar um assunto. Ela diz que não devo ser tão analítica e isso tem me dado trabalho no meu trabalho de fim de curso. Há vários trechos que ela quer que eu deixe mais "enxutos."
Por um lado, eu entendo. Trabalho de fim de curso exige objetividade e escrever demais não é, realmente, apropriado. Mas, por outro, é uma tortura. Quem gosta de escrever e explanar sofre bastante porque se sente tolhido naquilo que gosta de fazer.