A tal
Na verdade, o fato de ser milionário era pouco para aquele homem. De terno moderno, corte fino, alguns milhares de reais.
Não era o bastante. Enquanto entrava na sua camionete importada, lembrava-se da família em casa, dos negócios prosperando, mas a vida piorando.
Tinha um filhinho de cinco anos. Lindo - a sua cara; uma mulher igualmente linda; um cachorro camarada, que, quando o enxergava, vinha correndo morder a barra da sua calça de tecido caro.
O que ele queria não tem nome, cor, endereço. O que ele queria parecia estar num labirinto, sobre o qual se questionava se não seria obra de sua imaginação.
Havia amor. Havia sexo. Havia saúde. Havia muitos amigos. Havia muito dinheiro. Mas não havia felicidade.
Parecia que a vida trajava smoking com gravata borboleta, à sua frente, segurando uma bandeja contendo os seus sonhos. Porém, a dúvida e os maus pensamentos insistentemente persistiam.
Era a tal da depressão.