UM HOMEM COMUM.
Diz minha mulher, quando em conversa sobre generalidades, que as pessoas não gostam de ver quem está investido de certa condição econômica e social, se mostrar simples demais.
Acresce com justificada razão, que apreciam quem tem poder econômico e social, ascendência hierárquica, ter conduta altaneira, superior. Coloco que os simples são reverenciados, dou exemplos familiares. Ela reafirma o que diz e ajunta que isso causa surpresa.
Pulamos para o Papa, ela refere que ele se expõe em demasia, conceitua com propriedade, “ a massa não gosta disso”. Me lembro de Jõazinho Trinta, carnavalesco, frasista célebre, que afirmou : “ o povo não gosta de miséria, gosta de luxo”, tratando de seus desfiles de carnaval. E faço um paralelo lógico, o povo não gosta de ver nos poderosos, simplicidade.
Papa Francisco, já eleito Primaz da Igreja, detentor do mais respeitado Poder Espiritual do planeta, vai ao hotel em que ficou antes do conclave pagar sua conta. Reduz todo o fausto de paramentos e liturgia que contornam o papado. É um homem comum, faz da simplicidade religião.
Exsurge um homem comum carregando um manto de enorme envolvimento. Isso transforma a investidura ou esta há de transformar o homem? Na investidura do Poder se conhece o homem, mas não é irrazoável dizer, como disse minha mulher, que a visibilidade da massa quer a visibilidade da tradição, do Poder encimado.
Mas o Papa não irá mudar. E tem proposições fortes que alteram fundamentos alicerçados em dogmas seculares. Sem ferir o núcleo do ministério, fala que “a mera confissão não é algo em que se lavam os pecados”. Absoluta razão, incontestável certeza. É o arrependimento e não o condão penitencial do confessor que irá redimir, como se acredita. O exame da consciência é que faz retornar ao Deus da consciência, o Deus do perdão, o que carregamos dentro de nós mesmos, sem farsas. Deus não joga dados, ensinava Einstein.
O Papa carrega consigo a verdade pessoal, distante do assédio do Papado. Ninguém irá alterar sua forte personalidade. “Tirem os sapatos os religiosos e façam a caridade com os pés na lama”, afirmou logo após ser feito Papa.
Mas minha mulher tem razão, as massas gostam de ter seus reis, seus poderosos, seus magos, os líderes, serem o que queriam ser.....entendem pouco de simplicidade.