Meu Chefe encolerizado


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Desde o início de minha juventude me preocupei mais em estudar. Cursei duas faculdades, fiz vários cursos profissionalizantes. Sonhava ser em um futuro breve uma profissional capacitada e responsável. Com esforço adquiri um currículo invejável. Não demorou muito e aos dezoito anos, antes mesmo de atingir a maioridade já trabalhava fora. Cheguei a receber três propostas de trabalho, simultaneamente.
No trabalho fiz e faço questão de seguir à risca  meus deveres, acatando as ordens do patrão, exceto se ele estiver "errado". Sou uma profissional dedicada. No meu setor faço além do que está previsto para minha função. Trato a todos com educação e delicadeza. Pontualidade, assiduidade, competência marcam minha carreira profissional.

Mas... de um ano para cá, aconteceu algo que não estava previsto. Houve mudanças na diretoria da empresa. De repente passei a trabalhar com outro chefe.
Tratava-se de alguém que eu conheci há alguns anos. Foi meu professor de Sociologia, no curso de Letras. Um belo tipo, diga-se de passagem. Pesava 106 kg bem distribuídos em 1,92 de altura. Recordo de inúmeras vezes em que esteve ministrando aulas,  visivelmente embriagado, portando no bolso do paletó, um litro de Whisky. Parece que estou vendo-o ficar bravo com a turma, às vezes, praticamente sem motinos. Odiava trabalho com "capa". Recebia e rasgava uma por uma ali mesmo na sala. Valorizava, sim, os conteúdos e fazia questão de ressaltar. Nisso eu concordava com ele!  Nesses momentos, na classe nós éramos somente silêncio! rs

Aparentemente simpático, educado, mas por outro lado, explosivo, de temperamento forte, mandão e autoritário, coisas que eu detesto no ser humano. jamais imaginei que depois de tanto tempo eu pudesse reencontrar aquele sujeito, e muito menos na condição de (meu) chefe. Outro dia, chegou perto de mim e falou que abandonara o exercício do magistério, devido a problemas com a bebida. E, educadamente pediu-me sigilo.

Na última sexta feira ocorreu-me o seguinte: precisei sair um pouco mais cedo. Como raramente faço isso, fui comunicar àquela "imponente" figura, que eu ia sair e só retornaria na segunda feira, em virtude de já está quase no fim do horário e o lugar onde eu iria ficava distante.

Naquela hora, ao ouvir minha solicitação, vi seu rosto transtornado. Deu um murro com toda força na mesa de trabalho, espalhou documentos para todos os lados e gritou cheio de ódio: "quem manda aqui sou eu!!! Não sai ninguém antes de encerrar o expediente ou eu não me chamo "Dr....". Observei seus olhos vermelhos, arregalados e "revirando". Percebi também que seu peito estremecia, assim mesmo cambaleando deu três passos em minha direção e desmaiou... Depois de respirar fundo e contar até três ou... acho que nem contei, consegui me afastar do local. Desci a escada, feliz como se nada demais tivesse acontecendo. Deixei-o entregue aos demais funcionários do setor, que se encarregaram de acionar o SAMU. Afinal, minha causa era muito mais justa!!! Se ele soubesse!!! rsrs Se eu for demitida amanhã?... Hummmm... Há coisas do coração pelas quais vale a pena qualquer demissão! E muito mais quando a história envolve mais um!
Quer saber o que realmente aconteceu? Everaldo continuava fazendo uso abusivo de álcool. Durante a semana, apesar das recomendações médicas, exagerara na bebida e seu coração não hesitou em liberar um aviso!



Isis Dumont
Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 02/06/2013
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T4322328
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