UM GAY MALZINHO NA NOVELA
Por Carlos Sena
Um gay no armário – eis o tema central da novela das 9. Novela é assim mesma: um nó atrás do outro em que uns velam outros não, outros apenas revelam. Na novela passada o foco foi o tráfico de mulheres, mas nesta é a questão homossexual no seu viés menos explorado pela mídia e pelo senso comum. A novela mostra um gay malzinho dentro de um contexto muito comum principalmente nas altas rodas sociais, embora debaixo dos panos. Um gay casado com mulher, rico, mas infeliz. Um gay que atende às expectativas da sociedade falida em seus conceitos, mas, que continua se nutrindo do preconceito. Um gay que contraria alguns padrões: o mais importante deles é o padrão “armário” que enche a esposa de dinheiro, fez um filho nela e utiliza os dois como saco de pancadas para sua vida dupla. Outro padrão que o folhetim delineia é o papel da mulher nesse “latifúndio”, mais fundilho do que latido. Uma mulher que descobre que seu marido é gay e não suporta a barra de não ter grana para manter o luxo com sua mãe – uma senhora esperta que cutuca a filha e não a deixa enganar além do necessário para viver nababescamente. Mulher escudo – como muitas que estão do outro lado assistindo e criticando o personagem pela falta de coragem de chutar o pau da barraca.
Dentre outros padrões controversos, o gay de Amor à Vida só tem amor ao dinheiro e muita maldade no coração. Essa talvez seja a grande sacada da novela quando enfoca um gay que não é fraquinho, molenga, cheio de manejos, como normalmente se caricaturiza a classe abrigada no arco-íris. Esse aspecto da novela é bem real, pois diferente dos estereótipos gays que a mídia insiste em massificar negativamente, Felix é um gay “malzinho” cujos trejeitos são discretíssimos bem ao tom daqueles tantos que também assistem à novela do outro lado da telinha como que se vendo a si mesmos representados. Félix demonstra alguns aspectos da vida real: a existência de gays ruins, maus caráteres, frios, inescrupulosos e que por cima, usam a esposa para servir de escudo para sua sexualidade verdadeira. O personagem de Felix demonstra o que os mais versados no assunto além de psicólogos e psicanalistas sabem: gay é gente e como gente tem todas as facetas de qualquer ser humano. A figura do gay molenga é tão verdadeira quanto a de alguns homens que são mais molengas do que ele, inclusive dando “gritinhos” diante de uma barata tonta que se esgueira pelo chão. Homens que são incapazes de trocar uma lâmpada ou mesmo sair no quintal à noite porque a esposa desconfia que exista um ladrão por lá...
A esposa de Félix é outra cujo personagem através da novela consegue dar um excelente recado. Algo como: “mulheres, vejam com que tipo de homens vocês se casaram”! Porque gay também faz filho e pode se esconder debaixo de uma capa grossa; ou de armários possantes feitos de madeira de lei para resistir às tentações dos boys que circundam os “pedaços” traduzidos como SAUNAS, guetos, viagens misteriosas, amigos cheios de clichês... A esposa de Félix é a cópia fiel dos casamentos de fachada que pululam as classes média e alta como se nada estivesse acontecendo... Pior: elas são usadas como se usa um papel higiênico. Depois que a casa cai eles vão seguir em frente com seus boys e elas seguirão cheias de filho, atormentadas com seus fracassos como mulher, indevidamente. Porque certamente são excelentes mulheres cujos maiores pecados foram o de se apaixonarem por homens escrotos que se escondem em suas saias para não assumir a barra que é ser gay.
Portanto, considerando que novela não é produto cultural, mas, apenas entretenimento, achamos que as temáticas que levam à reflexão são importantes como formas de esclarecer essas questões. Depois desta novela esperamos que as mulheres deixem dessa mania de se sentirem irresistíveis. Elas até podem ser, mas não o suficiente para casar com um gay e depois ficar fazendo papel de besta e sofrendo, pois os estragos serão incomensuráveis e a vida toda irá atormentá-las. Mulher tem que ser mais esperta e desconfiar sempre de “um amigo” que sempre liga para seu marido; tem que ficar atenta para as saídas dele sem a companhia dela para, por exemplo, jogar futebol; tem que ficar atenta quando perguntar pra onde ele vai. Se ele responder que vai se encontrar com um pessoal, ou com uma figura, desconfie. Se ele tiver o péssimo hábito de atender o celular distante de você ou mesmo pertinho ficar monologando, desconfie. Tem mais: se ele se trancar horas a fio na frende do computador e quando você se aproximar ele desligar ou desconversar, desconfie. Se quando namorado ele lhe apresentar algum rapaz dizendo que é primo também desconfie. Se ele costuma dar os conhecidos “perdidos” desconfie, principalmente se depois ele vier com desculpa esfarrapada de reunião ou pequena viagem de negócio. Finalmente, se seu marido, fizer o papel de homófobo inveterado do tipo: passa uma bichinha e ele logo faz comentários grosseiros ou então tudo dele é “detesto viado” “se eu pudesse eu matava todos”, etc. desconfie. Porque tudo pode acontecer, inclusive nada. São sintomas que muitos maridos podem ter sem ser gay, mas nunca é bom ficar sem ser de olho aberto – de butuca, como se diz no popular. Boa nó-vela.
Por Carlos Sena
Um gay no armário – eis o tema central da novela das 9. Novela é assim mesma: um nó atrás do outro em que uns velam outros não, outros apenas revelam. Na novela passada o foco foi o tráfico de mulheres, mas nesta é a questão homossexual no seu viés menos explorado pela mídia e pelo senso comum. A novela mostra um gay malzinho dentro de um contexto muito comum principalmente nas altas rodas sociais, embora debaixo dos panos. Um gay casado com mulher, rico, mas infeliz. Um gay que atende às expectativas da sociedade falida em seus conceitos, mas, que continua se nutrindo do preconceito. Um gay que contraria alguns padrões: o mais importante deles é o padrão “armário” que enche a esposa de dinheiro, fez um filho nela e utiliza os dois como saco de pancadas para sua vida dupla. Outro padrão que o folhetim delineia é o papel da mulher nesse “latifúndio”, mais fundilho do que latido. Uma mulher que descobre que seu marido é gay e não suporta a barra de não ter grana para manter o luxo com sua mãe – uma senhora esperta que cutuca a filha e não a deixa enganar além do necessário para viver nababescamente. Mulher escudo – como muitas que estão do outro lado assistindo e criticando o personagem pela falta de coragem de chutar o pau da barraca.
Dentre outros padrões controversos, o gay de Amor à Vida só tem amor ao dinheiro e muita maldade no coração. Essa talvez seja a grande sacada da novela quando enfoca um gay que não é fraquinho, molenga, cheio de manejos, como normalmente se caricaturiza a classe abrigada no arco-íris. Esse aspecto da novela é bem real, pois diferente dos estereótipos gays que a mídia insiste em massificar negativamente, Felix é um gay “malzinho” cujos trejeitos são discretíssimos bem ao tom daqueles tantos que também assistem à novela do outro lado da telinha como que se vendo a si mesmos representados. Félix demonstra alguns aspectos da vida real: a existência de gays ruins, maus caráteres, frios, inescrupulosos e que por cima, usam a esposa para servir de escudo para sua sexualidade verdadeira. O personagem de Felix demonstra o que os mais versados no assunto além de psicólogos e psicanalistas sabem: gay é gente e como gente tem todas as facetas de qualquer ser humano. A figura do gay molenga é tão verdadeira quanto a de alguns homens que são mais molengas do que ele, inclusive dando “gritinhos” diante de uma barata tonta que se esgueira pelo chão. Homens que são incapazes de trocar uma lâmpada ou mesmo sair no quintal à noite porque a esposa desconfia que exista um ladrão por lá...
A esposa de Félix é outra cujo personagem através da novela consegue dar um excelente recado. Algo como: “mulheres, vejam com que tipo de homens vocês se casaram”! Porque gay também faz filho e pode se esconder debaixo de uma capa grossa; ou de armários possantes feitos de madeira de lei para resistir às tentações dos boys que circundam os “pedaços” traduzidos como SAUNAS, guetos, viagens misteriosas, amigos cheios de clichês... A esposa de Félix é a cópia fiel dos casamentos de fachada que pululam as classes média e alta como se nada estivesse acontecendo... Pior: elas são usadas como se usa um papel higiênico. Depois que a casa cai eles vão seguir em frente com seus boys e elas seguirão cheias de filho, atormentadas com seus fracassos como mulher, indevidamente. Porque certamente são excelentes mulheres cujos maiores pecados foram o de se apaixonarem por homens escrotos que se escondem em suas saias para não assumir a barra que é ser gay.
Portanto, considerando que novela não é produto cultural, mas, apenas entretenimento, achamos que as temáticas que levam à reflexão são importantes como formas de esclarecer essas questões. Depois desta novela esperamos que as mulheres deixem dessa mania de se sentirem irresistíveis. Elas até podem ser, mas não o suficiente para casar com um gay e depois ficar fazendo papel de besta e sofrendo, pois os estragos serão incomensuráveis e a vida toda irá atormentá-las. Mulher tem que ser mais esperta e desconfiar sempre de “um amigo” que sempre liga para seu marido; tem que ficar atenta para as saídas dele sem a companhia dela para, por exemplo, jogar futebol; tem que ficar atenta quando perguntar pra onde ele vai. Se ele responder que vai se encontrar com um pessoal, ou com uma figura, desconfie. Se ele tiver o péssimo hábito de atender o celular distante de você ou mesmo pertinho ficar monologando, desconfie. Tem mais: se ele se trancar horas a fio na frende do computador e quando você se aproximar ele desligar ou desconversar, desconfie. Se quando namorado ele lhe apresentar algum rapaz dizendo que é primo também desconfie. Se ele costuma dar os conhecidos “perdidos” desconfie, principalmente se depois ele vier com desculpa esfarrapada de reunião ou pequena viagem de negócio. Finalmente, se seu marido, fizer o papel de homófobo inveterado do tipo: passa uma bichinha e ele logo faz comentários grosseiros ou então tudo dele é “detesto viado” “se eu pudesse eu matava todos”, etc. desconfie. Porque tudo pode acontecer, inclusive nada. São sintomas que muitos maridos podem ter sem ser gay, mas nunca é bom ficar sem ser de olho aberto – de butuca, como se diz no popular. Boa nó-vela.