O Etanol e a América

Existem algumas coisas a que não sou afeito. Iniciar um texto com a palavra “não” é uma delas. Por isso não fui direto ao assunto, mas agora que já comecei, já dá pra escrever. Não é porque o presidente Lula esteja hoje em Camp Davis que o assunto se torna importante, até porque esta visita passará (“ou já passou”, dependendo de quando você esteja lendo o texto), mas é principalmente porque desatam idéias aparentemente absurdas na cabeça, principalmente considerando a do presidente norte americano, que é duríssima!

O caso é: Os americanos querem a tecnologia brasileira de se produzir etanol da cana funcionando nos países pobres (mais pobres que nós) da America central. Lá como aqui, as condições de produção desse vegetal são excelentes. Não consigo vislumbrar todos os interesses dos irmãos do norte por trás da proposta de fachada, entretanto poder-se-ia dizer que “eles” lucrariam com o poder de barganha do consumo crescente (não dá pra não enxergar o gigantesco mercado americano). A vantagem política do presidente Bush tem inúmeras vertentes: Flexibilização da posição de poluidor com a aprovação da opinião publica de lá e de cá, aproximação da America Latina reduzindo a distância anterior e borrando um pouco o “brilho” do Hugo Chaves, Reciclagem da criatividade da indústria automobilística Made in America, e ganho de muito dim, dim, para as empresas petrolíferas da família com alternativas de sociedade e distribuição, entre outras, como disse não “adivinhadas” por esse leigo aqui.

E Lula? O que nos faz levar nessa, além da queda das barreiras alfandegárias e da desconfiança de que ele pode não perceber alguma maracutaia assinada e lavrada em cartório? Os caras lá são mestres em negociação empurrada por pressão subliminar.

Como se sabe que Fidel... É Fidel, o da ilha! ...É mal visto pela democracia americana, tal que a ilha sofre bloqueio comercial desde que seu regime comunista se entende por gente, e que, além disso, suas terras possuem enorme potencial açucareiro, digo, “etanolzeiro”, o nosso presidente poderia propor a seguinte armação:

-Companheiro Bush: que tal incluir Cuba no bolo liberando verba, equipamentos, treinamento e tecnologia agrícola e industrial para a galera de lá? Desse jeito, você companheiro daria um passo de justiça ecológica (A ilha sofre no caminho dos furacões que chegam ao sul americano e que é provocado pela poluição deles), dava um refresco histórico na linha dura do bloqueio fazendo o Fidel achinezar seu pensamento e ainda dava um chega pra lá no Huginho da Venezuela (que o companheiro Hugo não me escute). Eim? Eim? Que tal?

Bem, acredito que o mercado será grande o suficiente para não haver concorrência e que não fui tendencioso (exceto nas brincadeiras com o Lula) do ponto de vista ideológico. Na verdade, nessa negociação em que o Brasil entraria poderia ser aberta uma porta exportadora para nós, que navegaríamos nas ondas do furo do bloqueio americano. (Claro que isso o Lula também teria que costurar).

...E assim a America Bolivariana se mesclaria de inteligência comercial, progresso no IDH e lavagem de ranços.

Não seria um bom primeiro passo?