A SINCERIDADE DO MENDIGO.

Fui andando meio sem rumo, tentando matar o dia-santo-feriado.

Meio perdido... sozinho... pensamentos alados.

Olhava tudo ao meu redor, um frio torturava minha espinha, não era

frio de medo, era aquele frio de ventinho gelado tocando as costelas.

As arvores balançavam lentamente, como se sussurrassem entre si.

Os prédio altos, frios... pareciam se fechar ainda mais.

Nas ruas pouco movimento, deserto, como se todos tivessem fugido.

De repente uma figura estranha de um homem me chamou atenção;

Sentado na calçada, maltrapilho. Suas roupas rasgadas realçavam seus traços, seus chinelos imundos expunha sua realidade. Tinha olhos penetrantes cortando a alma de quem o olhava. Me estendeu a mão e me pediu um "trocado" :

- É pra tomar uma pinga, moço.

Sua sinceridade me gelou.

- Por que você não me pede um café? retruquei.

E ele continuou:

- Estou com frio moço, a pinga me esquenta. E se tivesse lhe pedido um trocado dizendo que era pra tomar um café, nesse meu estado, o senhor acreditaria? Acreditaria não. Ia pensar:vagabundo me pede um trocado prum café e vai tomar uma pinga.

Fiquei parado, travado com tanta sinceridade. E pensei comigo:

Quantos já me pediram dinheiro, dizendo ser pra ajudar vitimas de enchentes ou alguma obra social, e o dinheiro tem outro destino.

Dei o trocado ao pobre homem, e saí feliz... não por uma boa ação, mas por ter aprendido mais uma lição:

A lição da sinceridade de um pobre mortal.

Geraldo Rolim
Enviado por Geraldo Rolim em 31/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
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