SOMOS MUITAS EM UMA SÓ !

Sentada em minha poltrona, ao pé da janela, caneca de café quentinho na mão, deixo o aroma delicioso, invadir minhas narinas. E através da fumaça que desprende da xícara, passo a ver várias situações imaginárias.
E rindo dos meus devaneios, penso que, muitas personagens habitam meu universo emocional.
Agora aqui languidamente recostada em almofadas, me sinto uma boa vida, e acho graça dessa personagem. Ela curti, uma pequena mordomia, como a de estar em plena sexta-feira, desfrutando de momentos de calma e relaxamento, para apreciar uma simples xícara de café quente, enquanto contempla a bela vista da vidraça.
Daqui a pouco é a vez da Amélia, aquela que era mulher de verdade. E começo a por em ordem, toda desordem que acumulou-se na casa, pelo feriado, vivido com a família em momentos de muito compartilhar. É um tal de dobrar, guardar, arrumar, varrer, cozinhar que não tem fim.
Tem hora também pra atacar de, Clarice Lispector , ou Cecília Meireles, nesses momentos dedos agarrados ao teclado do computador, olhos brilhando e mente fervendo. Esqueço o mundo a minha volta, e mergulho no que há dentro de mim.
Claro que tem espaço para uma cópia xerox mal feita, da perfeita Madre Teresa de Calcutá. E nesses momentos, me sinto especial, me entrego de alma as necessidades do meu semelhante. Amo estar na pele dessa personagem.
Ah, não posso esquecer que, infelizmente ainda tenho espaço para a Gabriela, aquela que sofre da síndrome: "Eu nasci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim". Quando ela incorpora, viro uma chata de galocha, ainda bem que dura poucos minutos, pois, do contrário pediria divorcio de mim mesma.
Tem é claro a Mama Italiana, que vive achando que suas crias não cresceram, e precisam dela, e fica preocupada se eles estão se alimentando bem, levaram agasalho. Essa quando emplaca, é uma tristeza, pois, fica pondo caraminholas na cachola.
Infelizmente, tem uma que nunca tem espaço dentro de mim. É a Gisele, a que é modelo. Ah, nessa vida a vaidade passou meio distante, e se tivesse que viver trocando de roupa, eu iria passar fome, pois não tenho a mínima paciência pra coisa.
Ah, ia esquecendo há momentos que incorporo a Elis Regina, e ai coitado dos vizinhos, pois eu solto a voz nas estradas, e não posso parar.
Somos realmente mais amplas do que aquele famoso doce de minha infância da marca Cica, cujo comercial cantava: "Se a marca é Cica, bons produtos indica". O doce, era o delicioso, 4 x 1. Composto por: Goibada, pessegada, marmelada e figada.
Já naquela época eu tinha o meu doce preferido.
E, dentre todas que habitam meus múltiplos universos, também tenho. Mas, isso deixa pra lá, é assunto pra outra hora.

(imagem: Lenapena)


Lenapena
Enviado por Lenapena em 31/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
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