ORA POMBAS!

Aqui, em Sobradinho, há um banco no que resta de uma praça com as ruínas do que fora um teatro ao ar livre. Abandonado pelo poder público e pelo povo, sem motivação, acabou virando logradouro para o lazer permanente de gente sem teto, meninos vadios e velhos observadores, como eu.

É o meu banco preferido e gosto de ficar ali, sentado, por alguns minutos, observando os passantes e o movimento normal de um lugar como esses, bem no centro da cidade.

Está assentado próximo a uma padaria movimentada que ostenta o sugestivo nome de “Pão de Minas”. De fato, ali estão, em exposição, variados e chamativos tipos de doces e salgados, sem contar o sem número de pães, bolos, tortas e biscoitos. Além disso, abriga uma lanchonete que costuma arrebanhar um bocado de gente saboreando uma deliciosa “tapioquinha”.

Como não podia deixar de ser, ao redor da padaria, há um dispositivo de mesas e cadeiras onde os consumidores se aboletam para saborear os apetitosos produtos.

Vivendo em simbiose com esses amigos dos bons petiscos, uma quantidade enorme de pombos transita, com cara de pedintes, à espreita de alguma coisa comestível que caia ao chão.

Foi por causa desses pombos que comecei a dar tratos à bola gestando esse nosso texto de hoje:

Há situações em que a estupidez humana cobra bem caro e com juros. Um dia, algum maluco resolveu dizer que o Espírito Santo é representado por uma pomba. Mais tarde, aproveitando o mote, apareceu um outro, espalhando aos quatro ventos que a pomba é o símbolo da paz.

Juntando esses dois motivos sem motivo, tornou-se consenso, em solenidades, festas, inaugurações, comícios, ou coisa que o valha, abrirem portinholas de gaiolas soltando centenas de aves classificadas de “columbidae”.

Esse procedimento pueril resultou em uma profunda alteração no equilíbrio ambiental, uma vez que essas aves possuem incrível capacidade de adaptação e, em consequência, de reprodução.

Como, principalmente nas cidades, não conta com um predador com a mesma velocidade de reprodução, embora venha servir de alimento para vários tipos de falconídeos, acaba por expandir suas colônias o que vem resultar em verdadeira infestação.

Hoje temos nas cidades populações absurdas de pombos, onipresentes e na maior promiscuidade com seres humanos. Tomam conta das ruas, calçadas, praças e logradouros de trânsito de pessoas, infernizando com seu andar malandro de quem já percebeu que a raça humana é mesmo uma raça de patetas...

Mas, afinal, para que servem os pombos? De minha parte, apenas para justificar o salário de ambientalistas radicais e de funcionários de ONG,s e quejandos que não fazem mais na vida do que ficar tomando partido na defesa dos direitos desses invasores alados.

Essas aves pacíficas são vetores de vários tipos de zoonoses e transportam alguns parasitos que são inconvenientes e, quando fora de controle, se transformam em verdadeiras pragas.

Pombos conduzem entre as penas um inseto cinzento escuro, achatado, conhecido como “mosca do pombo”. Também são hospedeiros de um tipo de ácaro verdadeiramente inconveniente. É o “piolho do pombo”, inseto de tamanho ínfimo que ataca os seres humanos e os atormentam, passeando pelo corpo, produzindo coceira, irritação, lesões de pele e transtornos em diversas situações.

Como as aves já se acostumaram a conviver com gente e como muitos não se preocupam em depositar, em lugar seguro, o lixo que possa conter alimentos que atraiam os animais, esses procuram abrigo nos locais mais próximos onde os possam encontrar.

Assim, constroem seus ninhos e se aboletam nas cumeeiras, nos terraços dos edifícios, nas torres e em qualquer fresta ou buraco, nos telhados das residências, entupindo com palha e penas os dutos de escoamento das águas pluviais. Assim vão espalhando piolhos à tripa forra...

Não é nada incomum ver pombos convivendo com os freqüentadores de bares ou estabelecimentos, em que são servidos alimentos, passeando entre as mesas à cata de algum petisco ao alcance.

Você já percebeu que os pombos também já tomaram todas as praias do país, de Norte a Sul? Já percebeu como são incômodos andando por entre as multidões com a menor sem cerimônia? Já viu como, adaptados, se esgueiram como malandros entre as barracas, ao ponto de ir bisbilhotar se encontram algum pedaço de sanduíche, pipoca ou qualquer outro tipo de alimento?

Já percebeu que o bicho a cada passeada, sem pensar em nada, vai dando suas cagadinhas no lugar em que as pessoas vão se espichar para tomar sol?

Mas, dentro de toda essa gama de perturbações trazidas pelo raio do pombo, há uns moleques que se divertem, em especial, nas praias.

Não é que os safados descobriram um tipo de comprimido, que os pombos adoram, mas que atua como um verdadeiro e potente laxante intestinal? Há um vídeo na Internet mostrando essa proeza.

Pois é! Os moleques espalham um pouco desses comprimidos, pela areia, e os bichos vem e tratam de atacar sem dó nem piedade. Em seguida saem, em revoada, dando início a caganeira alada que desce em bombardeio sobre a cabeça e tudo o mais dos banhistas...

Enquanto isso, a molecada se arrebenta de rir, gozando da cara dos patetas, que, “dando milho aos pombos” transformam em realidade a visão poética do “Maluco Beleza”, Raul Seixas, que transferimos dos macacos para essas aves que, em vez de pacificar, infernizam a vida da gente...

Ah! Mais, ainda há a multidão de patetas que atravessa o oceano para andar de gôndola e ir e dar milho aos pombos na Praça de São Marcos. Ufa!

Pois é, gente, pombo serve para isso!

Ora pombas!

Amelius
Enviado por Amelius em 30/05/2013
Código do texto: T4317738
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