M e i a s V e r d a d e s
Quando criança, ainda aprendendo a me vestir e arrumar, tinha pavor de uma coisa: colocar as meias!
Sabia tomar banho sozinha e até pentear o meu longo cabelo castanho ondulado mas, colocar as meias era um dilema de tamanho astronômico para mim, uma garotinha de quatro para cinco anos. Após colocar as meias, olhava para os meus pés e me perguntava: Será que tá certo?
Corria atrás da minha Mãe pela casa e ao achá-la cochichava no seu ouvido, "Mãe, coloquei certinho as minhas meias?"
Ela não olhava maioria das vezes mas sempre dizia com um sorriso nos lábios, "Tá certinho sim Patty, certinho."
Mas como ela sabia se nem sempre olhava? Minha cabeça de criança questionava mas acreditava na minha Mãe. Como é que alguém tão pequena ousa desconfiar da própria mãe! Eu certamente não seria a primeira. Não queria ficar de mal com Deus, nem Jesus e muito menos a Mãe dele!
Toda vez que a roupa era recolhida do varal, a minha Mãe me chamava para ajudá-la e depois eu tinha a tarefa de dobrar todas as meias. Éramos em cinco, portanto eram muitos pares de meias de vários tamanhos, texturas, cores e estampas.
Eu separava os pares sempre observando se havia algum furinho. Se tivesse, eu separava aquela meia para minha Mãe remendar, depois começava a tarefa de dobrar e enrolar os pares. A cada par imaginava: Qual seria a meia do pé direito? Seria esta? Ou aquela? E minha cabeça chegava a doer com esta dúvida cruel. Minha Mãe percebia que eu estava muito concentrada e indagava, "O que você tem filha? Parece preocupada."
Como eu tinha vergonha em dizer que não sabia distinguir a meia do pé direito da meia do pé esquerdo, respondi, "Nada Mamãe. Só pensando." E prosseguia com a tarefa de dobrar as meias.
Até que um dia ...
Acordei e fui logo me arrumando para ir à escola. Quase toda pronta a não ser pelas malditas meias que insistiam em me tormentar. O sufoco era tão grande que comecei a chorar bem baixinho. Minha Mãe foi verificar se eu estava arrumada e me pegou sentada na cama chorando. Perguntou naquela voz meiga toda dela, "O que houve filha? Tá sentindo doente?"
Cabisbaixo confessei aquele meu pesadelo, "Mãe, eu não sei se coloquei as meias nos pés direito." E desabei a chorar.
Minha Mãe pegou um par de meias da gaveta da minha comoda e desfaz o embrulhinho. Esticou as meias na cama e disse, "Olha bem minha filha. São iguais, não vê? Iguazinhas. Você pode colocar esta no pé direito ou no esquerdo por que não vai fazer diferença alguma. São meias irmãs e elas vestem seus pés sem diferença alguma, entendeu?"
Olhei bem para aquele par de meias. Olhei cada detalhe. Na verdade, eu buscava algo que pudesse diferenciá-las mas não encontrei nada mas perguntei, "Mamãe, os sapatos tem um esquerdo e um direito, não é? Então as meias também são assim, não?"
Minha Mãe olhou bem pra mim e disse, "O sapato tem seu pé certo por que os pés são diferentes de certa forma, veja onde ficam os dedos. O sapato tem a ponta um pouco diferente. Não é mole ou flexível por isso que cada sapato tem o seu pé certo, entendeu? A meia é macia e encaixa direitinho no pé, aí é fácil colocá-la tanto no pé direito quanto no esquerdo." É, fazia sentido tudo que ela disse.
A minha Mãe enxugou as minhas lágrimas e disse, "Vamos tomar o nosso café da manhã. Já estamos em cima da hora e se a gente bobear, você chaga atrasada para sua primeira aula. Vamos!"
Senti uma leveza depois da explicação da minha Mãe. Acho que é por isso que depois deste caso todo, eu nunca mais vivi na 'ignorância'.
Daquele dia em diante aprendi que é fundamental perguntar o porque das coisas. É muito importante saber a razão de algo ser assim ou assado, principalmente para uma criança. Nunca nego uma resposta à uma criança, nem a um adolescente ou adulto por que a explicação que eu der pode fazer uma grande diferença no seu aprendizado. Portanto, sou toda ouvidos quando meus netos me questionam qualquer coisa, até mesmo quando me perguntam porque não tinjo meu cabelo como as outras avós. Respondo que cada um, cada um e eu gosto do meu cabelo prateado do jeitinho que ele é!
Quando criança, ainda aprendendo a me vestir e arrumar, tinha pavor de uma coisa: colocar as meias!
Sabia tomar banho sozinha e até pentear o meu longo cabelo castanho ondulado mas, colocar as meias era um dilema de tamanho astronômico para mim, uma garotinha de quatro para cinco anos. Após colocar as meias, olhava para os meus pés e me perguntava: Será que tá certo?
Corria atrás da minha Mãe pela casa e ao achá-la cochichava no seu ouvido, "Mãe, coloquei certinho as minhas meias?"
Ela não olhava maioria das vezes mas sempre dizia com um sorriso nos lábios, "Tá certinho sim Patty, certinho."
Mas como ela sabia se nem sempre olhava? Minha cabeça de criança questionava mas acreditava na minha Mãe. Como é que alguém tão pequena ousa desconfiar da própria mãe! Eu certamente não seria a primeira. Não queria ficar de mal com Deus, nem Jesus e muito menos a Mãe dele!
Toda vez que a roupa era recolhida do varal, a minha Mãe me chamava para ajudá-la e depois eu tinha a tarefa de dobrar todas as meias. Éramos em cinco, portanto eram muitos pares de meias de vários tamanhos, texturas, cores e estampas.
Eu separava os pares sempre observando se havia algum furinho. Se tivesse, eu separava aquela meia para minha Mãe remendar, depois começava a tarefa de dobrar e enrolar os pares. A cada par imaginava: Qual seria a meia do pé direito? Seria esta? Ou aquela? E minha cabeça chegava a doer com esta dúvida cruel. Minha Mãe percebia que eu estava muito concentrada e indagava, "O que você tem filha? Parece preocupada."
Como eu tinha vergonha em dizer que não sabia distinguir a meia do pé direito da meia do pé esquerdo, respondi, "Nada Mamãe. Só pensando." E prosseguia com a tarefa de dobrar as meias.
Até que um dia ...
Acordei e fui logo me arrumando para ir à escola. Quase toda pronta a não ser pelas malditas meias que insistiam em me tormentar. O sufoco era tão grande que comecei a chorar bem baixinho. Minha Mãe foi verificar se eu estava arrumada e me pegou sentada na cama chorando. Perguntou naquela voz meiga toda dela, "O que houve filha? Tá sentindo doente?"
Cabisbaixo confessei aquele meu pesadelo, "Mãe, eu não sei se coloquei as meias nos pés direito." E desabei a chorar.
Minha Mãe pegou um par de meias da gaveta da minha comoda e desfaz o embrulhinho. Esticou as meias na cama e disse, "Olha bem minha filha. São iguais, não vê? Iguazinhas. Você pode colocar esta no pé direito ou no esquerdo por que não vai fazer diferença alguma. São meias irmãs e elas vestem seus pés sem diferença alguma, entendeu?"
Olhei bem para aquele par de meias. Olhei cada detalhe. Na verdade, eu buscava algo que pudesse diferenciá-las mas não encontrei nada mas perguntei, "Mamãe, os sapatos tem um esquerdo e um direito, não é? Então as meias também são assim, não?"
Minha Mãe olhou bem pra mim e disse, "O sapato tem seu pé certo por que os pés são diferentes de certa forma, veja onde ficam os dedos. O sapato tem a ponta um pouco diferente. Não é mole ou flexível por isso que cada sapato tem o seu pé certo, entendeu? A meia é macia e encaixa direitinho no pé, aí é fácil colocá-la tanto no pé direito quanto no esquerdo." É, fazia sentido tudo que ela disse.
A minha Mãe enxugou as minhas lágrimas e disse, "Vamos tomar o nosso café da manhã. Já estamos em cima da hora e se a gente bobear, você chaga atrasada para sua primeira aula. Vamos!"
Senti uma leveza depois da explicação da minha Mãe. Acho que é por isso que depois deste caso todo, eu nunca mais vivi na 'ignorância'.
Daquele dia em diante aprendi que é fundamental perguntar o porque das coisas. É muito importante saber a razão de algo ser assim ou assado, principalmente para uma criança. Nunca nego uma resposta à uma criança, nem a um adolescente ou adulto por que a explicação que eu der pode fazer uma grande diferença no seu aprendizado. Portanto, sou toda ouvidos quando meus netos me questionam qualquer coisa, até mesmo quando me perguntam porque não tinjo meu cabelo como as outras avós. Respondo que cada um, cada um e eu gosto do meu cabelo prateado do jeitinho que ele é!
Pra minha Mãe
Que sempre me proporcionou
belos momentos
e todo seu amor.
Saudades sempre,
Sua filha,
Patricia
11:25 - 30/05/2013
Que sempre me proporcionou
belos momentos
e todo seu amor.
Saudades sempre,
Sua filha,
Patricia
11:25 - 30/05/2013