MELHOR IDADE?
A escritora e jornalista Eliane Brum publicou na Revista Época que "a velhice sofreu uma cirurgia plástica na linguagem", que “roubaram a velhice”. Segundo ela, “idoso é uma palavra fotoshopada”. Lendo o texto eu fiquei a me perguntar: por que trocaram o velho pelo idoso? O dicionário diz que idoso é sinônimo de velho. Portanto eu concluo que chamar uma pessoa de velha não é desrespeito nenhum. Será que idoso soa melhor? Não sei. Se me chamarem de idosa vou achar, no mínimo, estranho. Mas dizerem que estou um tanto velha, não me ofende. Até porque quando alguém entra numa certa idade, ela entra na "velhice" e não na "idosice". Até o Google sublinhou o idosice!
Cada um que pense como quiser, mas eu prefiro o termo "velha". E não me venham com essa de "melhor idade"! Se fosse a melhor idade o pessoal não estaria enchendo as clínicas para colocar botox nas rugas, silicone nos seios, na bunda e sei lá mais aonde. Nem os homens escapam disso! Melhor idade? Com a aposentadoria que a maioria ganha? Com o desrespeito que o Brasil tem pelos idosos, a começar pelo nosso governo? Só pode ser brincadeira! Estou nos 60 e já começaram as dores aqui e acolá. Quando eu penso que me livrei de uma, lá vem outra apitando na curva... E olhem que eu até posso me considerar feliz por não ter doença alguma! Mas é o pé que incha no calor, o pescoço que dói depois de algum tempo no computador, a artrose que incomoda no frio. De manhã é aquela performance: creme para disfarçar aquela ruga indesejável, colírio nos olhos que lacrimejam no frio, Cerumin no ouvido para não ficar surda antes do tempo, limpeza nos óculos que estão nublados pela umidade. Sem falar na escolha da maquiagem e da roupa! Porque não existe nada mais ridículo que moda fora da idade e uma cara repleta de base e sombras coloridas. Lá vai a sessentona de mini-saia e o rosto emplastado, com a base penetrando nas rugas e o azul da sombra acentuando a pálpebra caída... Um filme de terror!
Ninguém é obrigado a concordar comigo, mas eu mando às favas a "melhor idade", não quero ser chamada de "idosa" e fico, no alto dos meus 61 anos, com a minha "velhice". Afinal, vivi plenamente a infância e a juventude e plena e assumidamente vou viver minha velhice. Graças a Deus não sou sem "noçãozice"!