O que é a vida

     O que é a vida?
    Essa era a pergunta com a qual eu geralmente iniciava minhas aulas de Biologia, no primeiro dia do ano letivo. As respostas eram muitas, das mais inteligentes às mais estapafúrdias. Certa vez, um aluno respondeu: - “Vida é sexo, drogas e rock n’ roll”. Não estávamos em Woodstock, mas era o modo de ele entender a sua vida. Lamentável, mas eu tinha de respeitar a liberdade de expressão.
     Por mais que tentássemos, não chegávamos a um conceito único, simples. Porque vida é mesmo algo muito complexo. Não basta olhá-la apenas sob o aspecto biológico. Entretanto, eu tinha de apresentar o conceito que os livros didáticos traziam: “Vida é o conjunto de características presentes em determinados seres, os seres vivos, diferenciando-os da matéria bruta. Essas características são: composição química complexa, alto grau de organização, nutrição, crescimento, metabolismo, irritabilidade, reprodução, hereditariedade e evolução”. A partir daí, esmiuçávamos cada uma dessas características para tentarmos obter um mínimo de compreensão do assunto. Não é o que nos cabe aqui, agora.
    Ainda que a Biologia procure explicar a origem, a evolução e a todos os processos físico-químicos que desencadeiam as milhares de transformações que ocorrem em um ser vivo, e especialmente no ser humano, ela não é capaz, por si só, de dar conta da complexidade da vida. Daí, a importância de outras Ciências, tão fundamentais quanto ela: a Filosofia, a Antropologia, a Sociologia, a Ética, a História, a Geofísica, etc.
    Ultimamente tenho refletido muito sobre a vida. No entanto, a questão biológica não é mais o foco. Até porque não exerço mais a atividade docente. Hoje, minhas reflexões buscam mais analisar e compreender a vida principalmente sob os aspectos filosóficos. Com isso, têm me surgido indagações sobre o que é o imponderável, o inexorável, enfim, sobre as condições e/ou estados (virtudes, defeitos, sentimentos, sensações, vontades...) aos quais os seres humanos estão submetidos. A relação é longa. Ainda assim, não é a milésima parte do que, a meu ver, é o viver. Para mim:
 
- o imponderável: é a sorte;
- o inexorável: é a morte;
 
- o imprevisível: é a paixão;
- o incontrolável: é a emoção;
 
- o indispensável: é a amizade;
- o indesejável: é a falsidade;
 
- o imprescindível: é a confiança;
- o inefável: é a esperança;
 
- o indescritível: é o amor;
- o incomparável: é o sabor;
 
- o imperdoável: é a maledicência;
- o imutável: é a essência;
 
- o impenetrável: é o pensamento;
- o inevitável: é o sofrimento;
 
- o indefinível: é a felicidade;
- o inestimável: é a lealdade;
 
- o insuportável: é a solidão;
- o infalível: é a oração;
 
- o inaceitável: é a ignorância;
- o intolerável: é a ganância;
 
- o imaginável: é o paraíso;
- o imbatível: é um sorriso;
 
- o irresistível: é o prazer;
- o induzível: é o poder;
 
- o improvável: é a certeza;
- o inesquecível: é a beleza;
 
- o indestrutível: é a verdade;
- o incomensurável: é a solidariedade;
 
- o invejável: é a eloquência;
- o indesculpável: é a inconsciência;
 
- o incontestável: é o direito;
- o inadmissível: é o preconceito;
 
- o intangível: é a perfeição;
- o inesgotável: é a inspiração;
 
- o insustentável: é a mentira;
- o inexplicável: é a ira;
 
- o inconfessável: é o desejo;
- o inigualável: é o beijo;
 
- o implacável: é o envelhecimento;
- o inalcançável: é todo o conhecimento;
 
- o impossível: é deixar de sonhar;
- o incurável: é a vontade de amar;
 
- o irrecuperável: é o tempo perdido;
- o incorrigível: é meu jeito descontraído;
  
- o inconfundível: é uma voz;
- o invencível: é o tempo veloz;
 
- o indelével: é um adeus;
- o inquestionável: é a existência de Deus.
 
    E o incrível, o que vem a ser?
    O incrível para mim é VIVER!
 
 
 
 
Jorgenete Pereira Coelho
Enviado por Jorgenete Pereira Coelho em 29/05/2013
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