CRÔNICA – Coisas da vida – 29.05.2013
 
 
CRÔNICA – Coisas da vida -29.05.2013
 


 
          Hoje era dia de consulta com o meu médico. Minha mulher, embora de cara feia, me acompanhou, mas pelo visto eu logo percebi que não me faria bem a sua companhia, pois de signo forte, teimosa e emburrada. Quando quer uma coisa não desiste nunca, e o pior é que quer mandar em tudo, mas em mim, nunca. Essa história de mandar em matéria de casamento é balela, eis que as ações devem ser presididas por entendimento do casal.
 
          Logo que chegamos ao estabelecimento médico eu sugeri que ela fosse embora, pois seria melhor estar sozinho do que acompanhado com pessoas impacientes e sem ao menos se lembrar de que sou um “cardiopata grave”, entrando na fila dos transplantes cardíacos. Queira Deus que eu seja alcançado pela fila, que é enorme. Medo algum tenho de morrer, salvo se dando trabalho a terceiros ou sentindo dores, pois não nasci para sofrer de dor alguma. Quando retornei a casa fizemos as pazes, como sempre, claro.
 
          Depois do atendimento médico, resolvi ir ao Shopping Center Recife, a fim de afogar as mágoas tomando alguns chopps gelados, coisa que não fazia há tempos. O primeiro não entrou muito bem, todavia os que vieram depois deslizaram tranquilamente e me deixaram bem alegre, pelo menos momentaneamente.
 
          Foi quando uma senhora passou pela minha mesa e me pediu um dinheiro para viajar a um lugar que nem me lembro do nome. Falei que não andava com dinheiro no bolso, mas se ela quisesse comer algo naquela lanchonete eu pagaria com muito gosto. Ela aceitou, foi ao balcão e pediu tal de hambúrguer, com batatas fritas, guaraná e outras coisas mais. A moça veio ao meu encontro e perguntou se eu pagaria a despesa, que fora orçada em R$ 10,00. Claro, respondi. Então o cidadão que estava na caixa mandou pedir a minha identidade. Estando ali pertinho entreguei-a, a fim de que a apresentasse ao funcionário, que aprovou a ideia.
 
          Uma vez satisfeita, de barriga cheia, a pobre velha me agradeceu profundamente, dizendo: “Deus lhe proteja e lhe dê muita saúde, mas tenha cuidado com essa bebida; o senhor há de comer alguma coisa para reforçar seu estômago”. Agradeci, ela foi embora e tudo bem.
 
          Repentinamente, resolvi suspender a bebida e me dirigir ao balcão para pagar a conta. O valor total foi de R$ 28,00. Procurei meu cartão de crédito VISA-BB, mas não o encontrei (não tenho cartão de crédito de nenhuma outra instituição financeira). Então propus que ele recebesse a conta em cheque-ouro, todavia me foi informado que não trabalhavam com cheque. Então ficou ruim, respondi, pois vocês vão ter de me mandar prender, até por que o cheque é uma “ordem de pagamento à vista, sacada contra fundos disponíveis”. 

          Conversa vai, conversa vem, e então resolvi ir saindo, fazer o quê? Então eles me chamaram e resolveram acatar o pagamento em cheque.

 
          Que culpa me cabe por o cheque ser uma instituição depravada, degenerada, desmoralizada, sem credibilidade? Não seria melhor que se votasse uma lei abolindo esse papel milenar como um meio de pagamento, pergunto-me a mim mesmo. Mas não podem fazer isso, eis que o conceito de meio circulante é a soma do dinheiro em poder do público, mais depósitos à vista nos bancos comerciais. O não recebimento de cheques não é nada mais nada menos do que uma desmoralização não só para o portador, mas, também, para o banco que o distribuiu.
 
          Uma vez paga a conta, joguei a água do joelho fora e parti para casa, a fim de almoçar... Acontece muita vida na coisa da gente.
 
 
Em revisão.
Ansilgus
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Enviado por ansilgus em 29/05/2013
Reeditado em 09/06/2013
Código do texto: T4315447
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