MAS, QUE MERDA A DEMOCRACIA!

Sou um tantinho maduro, logo, logo despenco da arvore e viro suco.

No entanto, ainda surpreendo as pessoas ao saberem que minha tez e porte não revelam que já deixei os trinta e já me vou pelos quarenta a fora.

É, tenho porte atlético, fruto da fisioterapia em piscina aquecida com carga aumentada de pesos para fortalecer músculos e ossos. Senão tô ferrado e pendurado, pois a doença ainda acena com crises de câimbras e ansiedade. (ufa)

Pois é! Eu vivi os anos 70, 80, 90. Vivi em um Brasil, sem telefones moveis, num mundo sem internet. Aprendi a ler com a cartilha caminho suave e aprendi tabuada. Li camões na escola, conheci Fernando Pessoa, também por lá. Vivi em um Brasil onde minha mãe, sonhava em ter um telefone em casa, afinal, telefone era coisa para rico e nós estávamos longe, bem longe da riqueza que compra utilidades e inutilidades. Vivi em um Brasil, em que militares davam ordens, obedientes a civis que preferiam não sujar as mãos com comezinhos da plebe que gritava por pão e circo e se possível uma casinha para morar. Gritava? Não! Não gritava; era proibido: gritar, falar, cantar, sorrir em publico, reunir-se. Vivi à época da ditadura militar, meus professores do ginásio, nos ensinavam que para ser presidente, somente se fosse general e tivesse estrelas, cheguei ao colegial e conheci caras diferentes, que tomavam vinho tinto barato e reuniam-se em segredo nos corredores da escola, falávamos de poesia, politica, revolução, filosofia, Cuba, Chê, Mao Tse. Tinham barbas; das de adolescente e cabelos ao molde de quem mandava e estava no poder. Tinham ideias e ideais e sonhavam com a crescente novidade da liberdade anunciada, sonhavam com o fim da ditadura. Sonhavam com democracia.

Passou... chega de reminiscencias. A democracia chegou, mas que merda a democracia se fez e eu continuo sonhando com a democracia. Afinal, por onde ela anda, onde ela esta? Cadê a democracia. Confesso, tenho medo de falar, tudo esta estranho, minhas opiniões podem ser mal entendidas e eu posso ser processado, perseguido, atacado por ONG's e comissões, por sociedades e comunidades, por representantes ou diletantes casuais.

A imprensa finalmente desfruta da liberdade de escrever, editar, sublinhar... Mas, edita demais, sublinha demais, escreve livremente de menos e cada vez mais com menos credibilidade.

Cade a verdade? Com qual interesse eu vou, a quem devo o favor, a quem sirvo, oh meu senhor! Cadê a democracia? Cadê os políticos? Cadê a ideologia, cadê os ideais? Onde posso encontrar um partido politico de verdade? Onde encontro uma escola com professores em grande porcentagens, onde encontro uma ou duas escolas sem logótipo e franchising. Onde encontro um filosofo que não um doutor? Onde encontro um órgão de imprensa que não faça escolhas partidárias, que não eleja que não apedreje, que seja minimamente e realmente informativo.

Puta que pariu! Afinal, eu sou politicamente incorreto, um espúria, um desafeto da hipocrisia reinante? Ou meramente um envelhecido punk da periferia?

Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 29/05/2013
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