Formigão 2


http://youtu.be/4bvP075pDog







Formigão 2

Caríssimos leitores,luto com todas as forças de meu ser
para fugir da sanidade,pois,entendo,perfeitamente,o que o grande filosofo Nietzsche afirmava;” A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
Há alguns anos,publiquei uma crônica intitulada “Formigão”que,confesso,fui alo determinado,fui tele transportado à época não tão distante,mas que,certamente,experimentei de uma felicidade que doía bem fundo,aquele prazer que se confunde com dor...Mas,deixemos esta questão de que o prazer e a dor são meros estados da alma,pois,os meus amigos leitores possuidores de psiquismo,deveras,sadio,de lucidez meridiana,não têm tempo para estas divagações.A verdade é que num período de minha vida tentei algumas carreiras artísticas e,até de inventor,fato este que dividi com meu compadre Jonas,o mesmo que,cursando engenharia,me acompanhou na tresloucada empreitada para “adquirir’no cemitério um bom esqueleto,bem alvo,com caveirinha e tudo,sorridente para ser ofertado a colega de faculdade.Nós idealizamos o primeiro foguete brasileiro com duas fases que carregaria, como solitária tripulante,u’a mosca distraída,capturada,após um tapa.Confesso que a astronauta brasileira ,já,ingressava no interior da nave,um tanto ebriosa...Mas,amigos leitores,voltemos aos fatos.Uma das tentativas mais gratificantes foi o teatrinho de bonecos que chamamos de Formigão.Nietzsche veio mais uma vez,quando falava.”Os loucos sonham melhor”e realmente,o grupo de mamulengos era um bando de loucos...Nesta crônica relembro seus integrantes.O Olimpio,cujo humor alternava da alegria a ira em poucos segundos,era o responsável,juntamente com o Paulo na armação do palco composto de um madeirame cuja montagem desafiava o melhor arquiteto.E este oficio era realizado ante a curiosidade das irrequietas crianças.Aguardávamos quanto tempo duraria a paciência do Olimpio,até ouvirmos o passa fora.Sua esposa a Nazaré era a eterna vilã,pois,interpretava as bruxas e se deliciava com os olhinhos amedrontados das pobres crianças.A sua risada amedrontava ,inclusive os colegas de cena.Ah,e o Vitor!Um respeitoso executivo que se transfigurava num garoto arteiro e improvisava,misturava personagens de histórias diferentes,dele obtínhamos as mais deliciosas gargalhadas.A Viola,encenava a princesinha frágil,o que fazia com uma doçura inimaginável.O grande sonho da Viola era,realmente,ser artista de teatro e nas atividades,dava a alma em vida.Este que narra esta nostálgica reminiscência ,acometido de timidez profunda,ainda que oculto sob a sombra dos inocentes bonecos,exerceu a função de contra regra e cabia a iluminação,som,distribuição dos bonecos e o pior,guardar toda a parafernália em casa!O teatrinho Formigão,infelizmente,foi dolorosamente atacado pelos cupins,não sobrando um boneco para contar a historia.Deixo por fim,a figura doce do José Marcus que,a principio,acompanhava o grupo e estava para o que der e vier.A humildade deste participante era franciscana,pois,sem alardes,mostrou seu talento como mágico,Papai Noel,como o arborígene vestido de folhas de amendoeira.Quanta saudade desta turma de lunáticos!
O anjo Osvaldo,um dia me disse que o Vitor está organizando um teatrinho na capela de São Elesbão e espera,algum dia fazer renascer o famoso teatro de bonecos ‘Formigão”
Meus amigos,vocês nem imaginam,pois,assim que terminei esta crônica,ouvi uma risadinha e sabem quem era?Adianto-me a responder:Nietzsche.
Com uma expressão ,beirando a de uma criança curiosa,segredou-me:”Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”


ilustração Paulo Rego

minha homenagem a minha esposa Bernadete,   Sheila Federice,que "controlavam"as crianças e a Rita artista plastica que elaborou os cenarios