O marido (dis)traído

O nome dele é Amado Pinto. Um cara robusto de um metro e oitenta de atura. Famoso por estar sempre arrumando confusão. Vive de cara amarrada, mal cumprimenta os vizinhos. Entre os amigos mais íntimos é conhecido pelo apelidado de Perigoso. Sua mulher, uma morena bem torneada, frequentadora assídua de academia, malha feito os atletas da São Silvestre em véspera de maratona. Quando saí de casa com “aquele” vestido tomara que caia, mostrando partes dos seus atributos, até os vizinhos mais recatados suspiram em câmera lenta. Parece carregar estampado na testa o mito de “linda e perigosa”.

Na mesa do bar, Amado confessou a um dos seus amigos mais próximos, que estava desconfiado de sua mulher. Se sentindo enganado, mas que, até então, não havia nenhuma prova concreta dos fatos. Ele estava alertando o amigo para um possível fagante.

Dias depois Amado e o amigo íntimo armaram uma arapuca para a jovem esposa. Na noite do sinistro ele telefonou para ela avisando que só retornaria no dia seguinte. Pediu que não o esperasse para o jantar. Quando o silêncio devassou a noite Amado percebeu a aproximação de um cidadão franzino à porta de sua casa. Parecia aquele seu amigo. Viu quando ele olhou para os lados em atitudes suspeitas - não havia uma única alma na rua que não fosse ele. De repente o gatuno caminhou, de dois para três metros para a frente e para os lados, até que, de um único salto, pulou o muro para dentro da casa.

Amado não queria acreditar no que estava vendo. Ficou em silêncio e, a passos miúdos, aproximou-se da casa, entrou vagarosamente pela janela da sala que ele havia deixado destrancada. Enlouquecido procurou pela arma que guardara de antemão, queria matar o pilantra a qualquer custo. Nisso, viu através do espelho pendurado em uma das paredes da casa, sua mulher encolhida em um dos cantos do quarto com uma pistola gigantesca apontada em direção à sua cabeça. Amado virou rapidamente, subiu na cama e gritou:

__ Eu sabia que estava sendo traído, vi você de fuxico com os vagabundos do bar!

A mulher olhou para ele como se nada houvesse acontecido:

__ Por favor, acendam as velas.

__ Parabéns pra você...

O amigo íntimo havia preparado para ele uma sacanagem no dia do seu aniversário. Todos os amigos do bar foram convidados para a festa.

Toda surpresa pode ser uma faca de dois gumes.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 30/03/2007
Reeditado em 08/10/2017
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