TEMPLO INTERIOR
Não encontro nas ruas placas que assinalem como chegar dentro de mim mesmo. Por que esperar que os outros encontrem este santuário de sentimentos? Ninguém conhece por completo a casa do outro, e certamente conhecerá menos na medida que nós próprios não chegamos a conhecer.
É bom passar lá de vez em quando, tirar a poeira das lembranças; jogar fora o lixo de pensamentos que já não nos servem mais; deixar entrar pela janela da alma a luz do inesperado.
Trabalhamos em coisas diferentes, somos bons e ruins em tantas outras, mas no fundo somos todos construtores: arquitetos de nossa alma.
Não importa onde estejamos, nunca saímos de casa. Da nossa casa interior.
Quem sabe construir seu próprio templo, transforma-se no mago da própria vida. Faz mágica, já que dentro de si traz pra perto os que estão longe; faz reviver os que morreram; beija pessoas com quem sequer falou; conversa sem abrir a boca; vive coisas que se foram e outras que ainda nem vieram; voa até as estrelas e dorme sobre as nuvens.
Aqueles que aprendem a viver por dentro não se abalam com o que está por fora.
Quantos são os que enxergam tão pouco de si que chegam a se assustar com sua própria sombra?
Muitos são os que já mataram para obterem heranças, porém muitos mais foram aqueles que “se” mataram por receberem uma. A fatídica e inevitável herança de si próprio.
Que eu invista no bem e herde o melhor de mim mesmo.
Que eu saiba construir minha própria fortaleza, onde nos dias exteriores mais sombrios, brilhe o sol interior.