BEIJAR O PÃO
Quando eu era criança, em nossa casa, nunca se jogava pão fora. Segundo minha vó Carmela, era pecado, pelos costumes trazidos de sua origem Italiana. Para ela, o pão guardava relação com o Sagrado.
Se ficava amanhecido, minha vó esquentava na chapa do fogão à lenha, para comermos com café. Quando ficava duro, ah, tanta coisa tinha para fazer com ele. Torrar no forno, e moer na máquina que também moía carne, e fazer farinha de rosca, para empanar os bifes, como ela dizia.
Se a sobra de pão fosse grande, não tinha problema, minha vó fazia sua deliciosa receita de pudim de pão, com calda caramelizada coberta de fatias de banana. Hum... só de lembrar dá água na boca, quando a forma saía do forno, era só amornar e ela o virava em um prato de pudim, e lá estava ele: oferecido, confiante da provocação que causava nas papilas degustativas de toda família.
Havia uma sacola de algodão costurada por minha vó, nela estavam bordadas as palavras: "o pão é sagrado", ficava pendurada na parede em cima do fogão à lenha, e se por acaso algum pedaço fosse lá esquecido e chegasse a embolorar, aí não tinha jeito, tinha que jogar fora. Ah, mas havia um ritual para isso, que ninguém se atrevesse, a colocar no lixo, um pedaço de pão, sem beijar, é isso mesmo, tinha que levar até a boca e beijar. Somente depois podia jogá-lo fora.
Assim mesmo minha vó nunca deixava de dizer: "que pecado, jogar fora um pedaço de pão. Pão é sagrado".
Nunca faltou na nossa mesa, em todas as refeições, um cesto de pão. Meus avós não sabiam almoçar ou jantar, sem uma fatia de pão. Penso que, somente os italianos para comer, massa com pão, feijão e arroz com pão, risoto com pão.
Sinto falta da sacola bordada, pendurada sobre o fogão. Quase nem pão de padaria compro mais.
Tanto se fala hoje, no colesterol, triglicérides, diabetes, e coisa e tal, que o único pão que tem entrado em minha cozinha, é o integral. Que diga-se de passagem, tem gosto de palha de milho seca. Mas, mesmo esse, quando embolora, ou vou dar um pedaço para o Marley ou para o Moke, não esqueço de beijar.
Hábitos são hábitos, difícil desfazer-se deles, principalmente quando gostamos de tê-los, por trazerem lembranças de pessoas muito caras ao nosso coração.
(Imagem: Lenapena - receita de pão de batata de minha nora)
Quando eu era criança, em nossa casa, nunca se jogava pão fora. Segundo minha vó Carmela, era pecado, pelos costumes trazidos de sua origem Italiana. Para ela, o pão guardava relação com o Sagrado.
Se ficava amanhecido, minha vó esquentava na chapa do fogão à lenha, para comermos com café. Quando ficava duro, ah, tanta coisa tinha para fazer com ele. Torrar no forno, e moer na máquina que também moía carne, e fazer farinha de rosca, para empanar os bifes, como ela dizia.
Se a sobra de pão fosse grande, não tinha problema, minha vó fazia sua deliciosa receita de pudim de pão, com calda caramelizada coberta de fatias de banana. Hum... só de lembrar dá água na boca, quando a forma saía do forno, era só amornar e ela o virava em um prato de pudim, e lá estava ele: oferecido, confiante da provocação que causava nas papilas degustativas de toda família.
Havia uma sacola de algodão costurada por minha vó, nela estavam bordadas as palavras: "o pão é sagrado", ficava pendurada na parede em cima do fogão à lenha, e se por acaso algum pedaço fosse lá esquecido e chegasse a embolorar, aí não tinha jeito, tinha que jogar fora. Ah, mas havia um ritual para isso, que ninguém se atrevesse, a colocar no lixo, um pedaço de pão, sem beijar, é isso mesmo, tinha que levar até a boca e beijar. Somente depois podia jogá-lo fora.
Assim mesmo minha vó nunca deixava de dizer: "que pecado, jogar fora um pedaço de pão. Pão é sagrado".
Nunca faltou na nossa mesa, em todas as refeições, um cesto de pão. Meus avós não sabiam almoçar ou jantar, sem uma fatia de pão. Penso que, somente os italianos para comer, massa com pão, feijão e arroz com pão, risoto com pão.
Sinto falta da sacola bordada, pendurada sobre o fogão. Quase nem pão de padaria compro mais.
Tanto se fala hoje, no colesterol, triglicérides, diabetes, e coisa e tal, que o único pão que tem entrado em minha cozinha, é o integral. Que diga-se de passagem, tem gosto de palha de milho seca. Mas, mesmo esse, quando embolora, ou vou dar um pedaço para o Marley ou para o Moke, não esqueço de beijar.
Hábitos são hábitos, difícil desfazer-se deles, principalmente quando gostamos de tê-los, por trazerem lembranças de pessoas muito caras ao nosso coração.
(Imagem: Lenapena - receita de pão de batata de minha nora)