Breve felicidade eternizada

Amanheci em um domingo frio e chuvoso, mais ou menos às seis e meia da manhã. Tinha planos para as nove, no entanto, com a chuva tivemos que adiá-lo. Era aquele típico dia em que de fato não queria levantar, mas desmarcar não era uma opção – não mesmo. Então tratei de tomar um bom banho quente, esconder as olheiras e colocar um sorriso no rosto.

Forcei-me a colocar meus fones, ligar uma boa canção e encarar o dia nublado que mais pedia cama, papel e caneta, no entanto, fui ao encontro de dois amigos. Combinamos de tomar açaí – não sabíamos que o tempo esfriaria tão rápido. Por volta de meio dia encontrei Priscila sentada na orla da lagoa, bem em frente à Iceberg; estava abrindo ainda – bom que chovera mais cedo, caso contrário, teríamos encontrado o local fechado. Priscila e eu estamos “sempre” juntas, é a amiga que vejo com mais frequência. Às vezes nem temos o que falar, mas só de estarmos juntas é algo prazeroso e confortante. Um tempo depois chegou o Mateus Maciejewsky – tenho muitos amigos “Mateus” por isso o sobre nome – amigo que não via há tempos, por sinal foi muito bom vê-lo.

Sentamo-nos em uma mesa na orla, fizemos nossos pedidos e começamos a colocar os papos em dia, às vezes o silêncio surgia, mas é normal quando as pessoas ficam sem se ver por muito tempo e quando nesse muito tempo poucas coisas acontecem. Rimos bastante, fizemos planos, ligamos para uma amiga distante e muito desabafamos. Não há nada melhor do que ter amigos. Eu digo amigos, não colegas ou conhecidos... As pessoas costumam confundir isso.

Provavelmente desabafamos a maior parte do tempo. Falamos dos nossos problemas, as coisas que nos afligiam, nossas frustrações e medos, éramos simplesmente os bons e velhos amigos. Quando estamos em boa companhia tudo melhora. O dia nebuloso é apenas nebuloso, e por sinal belo, não aquela escuridão que imaginamos ao olhar pela brecha da janela. Sentimo-nos bem, independente do tempo.

Passamos aproximadamente seis horas sentados naquela sorveteria observando a garoa que caía na lagoa, as pessoas que entravam e saíam, e nos abrindo uns com os outros. Mal vimos o dia passar. Estava com fome, mas adoraria ter ficado ali por mais seis horas, e mais seis horas... Entretanto todos os momentos acabam, e aquele não era uma exceção.

Por volta das dezoito horas nos despedimos e cada um seguiu seu rumo. A volta para casa tornou-se cansativa, preguiçosa e nebulosa novamente. Percebi então que o problema não era o tempo, nem os outros, o problema era eu, era meu... Meu corpo ansiava somente por um cigarro e uma boa cama. Ao mesmo tempo desejava loucamente voltar no tempo, nos tempos em que me sentia nada mais que bem, satisfeita e feliz.

Percebo que a felicidade baseia-se em pequenos momentos em que compartilhamos com quem gostamos. Claro que momentos a sós conosco é necessário, mas somente momentos a sós não é legal. Não faz bem. Impossível ser feliz todos os dias, ao menos nunca conheci alguém que fosse desse jeito e confesso, se conhecesse: invejá-la-ia. Nesse dia quando amanheci não queria sair da cama, ao entardecer não tinha vontade nenhuma de voltar para ela, embora tenha caído pesadamente sobre a mesma depois.

Felicidade é isso: partilhar. Eu não consigo ser feliz sozinha, e muitas vezes nem quando estou envolta de pessoas. Existem as pessoas certas para a minha felicidade, para serem o motivo da minha felicidade. Ela não cai do céu, Deus não a faz, é você que faz a felicidade. Os dias agradáveis, como eu disse, mesmo que nublados, podem ser lindos e claros, mais claro até que um dia ensolarado. Normalmente meus dias são nublados, mesmo aqueles com sol de rachar, mas este... Este foi um dia nublado, um dia nublado de felicidade... nada mais que isso.

Larissa Maciel
Enviado por Larissa Maciel em 25/05/2013
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T4309335
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