"ex", não existe
A expressão “ex” tem a pretensão de explicar “aquele ou aquilo que foi um dia, e hoje não é mais”, “deixou de ser, mudou”, como se fosse possível explicar o inexplicável.
Você pode escolher a pessoa com quem deseja se casar, mas os parentes, os agregados, esses, não, você não escolhe, eles vem junto, e ficam. Não existem ex-sogros, ex-cunhados, ex-parentes por afinidade com o ex-cônjuge, simplesmente, porque não existe ex-cônjuge. Não é muito difícil entender, e perceber, que, para muitos, o casamento é indissolúvel, enquanto vivos estiverem, deixando essa condição somente no pós-morte, quando um deles, aquele que não morreu, claro, muda de estado civil, recebendo o título de viúvo (a). Que será para sempre assim, viúvo (a), eternamente viúvo (a), pois ninguém em tempo algum conheceu um ex-viúvo, ainda que se case de novo. Nessa linha de pensamento, cônjuge é para sempre, sem discussão, queira-se ou não. Diariamente vimos casos de parceiros que não aceitam a separação, desrespeitando toda e qualquer decisão judicial, permanecendo nessa condição tão somente no papel, já que o vínculo se arrasta, perpetuamente. Pode até não ser pela vontade dos dois, sendo a vontade de um, basta! O “ex” não aceita, não concorda, não admite, e não se considera um “ex”, o que é pior. A marcação continuará cerrada, a vigilância e a perseguição, também. Quando não usam os filhos para persuadir. Porque os separados entendem perfeitamente, os filhos nunca serão “ex”. E a vida segue, até um quando e finalmente...
Respeitada a opção sexual de todos e de todas – antes que o leitor apressado me classifique como homofóbico -, raríssimas vezes encontram-se uma “ex-prostituta”/“ex-garota de programa”, ou um “ex-viado”/”ex-gay”. Diz o ditado popular: “galinha que come merda uma vez, comerá sempre”. Mais ou menos por aí. Quem foi, continuará sendo, sempre será. Não temos nada com isso. Ainda que venham a conhecer as delícias do paraíso do sexo oposto, quase sempre preferem o inferno. Gosto é gosto, não se discute. Respeita-se. E ponto final!
E por aí afora: “ex-ladrão”, “ex-assaltante”, “ex-malandro”, “ex-marginal”, “ex-vagabundo”, “ex-traficante”, “ex-político”, “ex-traidor”, “ex-lobista”, “ex-aliciador”, “ex-vendedor de informações”, “ex-mexeriqueira”, “ex-mau-caráter”, ou, da mesma forma, pelo lado bom, “ex-família”, “ex-pai, ex-mãe, ex-filho”, “ex-professor”, “ex-escritor”, “ex-poetisa”, “ex-amigo”, “ex-amor”, “ex-trabalhador”, “ex-conselheiro”, “ex-torcedor fanático”, “ex-ídolo”, “ex-patriota”, e, acima de tudo, “ex-brasileiro”.
Decisivamente, “ex” não existe!