Para a crítica

Para a crítica

Você não está preparado para as críticas, não gosta de ser avaliado e, tampouco, de ser contestado, não é? O quê? Entendi! Você julga todos aqueles que julgam a sua obra e os condena, de antemão, pois qualquer análise é superficial diante da profundidade que se encontra a arte. Muito bonito! A obra, então, é intocável à crítica? Então me diz que colocar isso ou aquilo em sua arte é tentar, de algum modo, entrar na concepção da obra? Como assim? Entendi! A arte não peca, por isso, não precisa de defesa e nem de condenação; a arte é o espelho refletido do seu autor, mas, todo reflexo tem traços de deformação. Sei! Entendi! O autor está, mas, nem sempre, se mostra na obra; é a obra ganhando a suas identidades.

Você avalia a obra pelos elogios que ela leva? Hum! Quer dizer que tolos preferem aplausos e arrogantes as vaias e que sua arte precisa de silêncio e olhares de espanto. E como saberá se sua arte está agradando? Quer dizer que você não quer agradar, nem Gregos e nem Troianos, mas quer, apenas, incomodar e causar ódio e amor, não mais que isso. Claro que lembro! Só o amor e o ódio são sentimentos, os demais são complementos de emoção. Tudo bem! Quer dizer que você critica a crítica por ela só querer aparecer diante da obra? Mas ela é necessária? Não?!Sei! A critica, então, é algo deformado que procura sentidos e lacunas, aberturas e espaços; ela busca uma parceria com o autor, querendo créditos na concepção, pois ela, nunca, conseguirá produzir algo que, de longe, seja chamado de arte. A critica, então, é frustrada! Acertei?

Mas a arte não precisa ser avaliada? Quer dizer que a arte não precisa de notas, nem de rótulos de aprovação; a arte deve ser, apenas, sentida. Sentir como? Primeiro se sente com os olhos, depois com ouvidos e, por último, com a alma? Entendi! Aquele que sente e o que também nada sente, são apreciadores da arte, mas aqueles que buscam sentidos fechados, que aprovam e desaprovam, segundo seus critérios, são “pseudos” e nada acrescentam, apenas espalham ranços e frustrações; apontando na obra o vazio ou o tudo, sem entender o caminho entre os dois.

Percebo que você não suporta a crítica! Compreendi! Você não quer a sua arte dissecada e nem ovacionada, quer apenas apresentá-la nua, crua e com toda a pureza e pecados que só nela cabe. Que paradoxo! A arte é suprema? Sei! A arte está acima de conclusões; acima do certo e errado; do tolo e do sábio; do crítico e do idiota. A arte só quer se fazer presente na realidade e tentar preencher a existência com a sua completude. Nossa! A arte faz do autor um Deus e, por isso percebo a sua soberba!

Você se acha um Deus? Arrogante! Quer dizer que todo aquele que cria é Deus e até o homem por criar seus deuses, sem saber, também, é Deus. Profundo! A arte é profunda; somente ela consegue chegar a essência do ser! Sei! E o poeta entende a arte e, através dela, é apresentado ao sublime. Platônico, não é? Como? A arte é explícita e não pudica? Certo!

O que faz com a crítica que lhe critica? Risos! Você critica também. Ótimo! E como ela reage? Sei! Não reage? Entendi! A crítica, muitas vezes, quer apenas se fazer de, mas nem sabe de quê. Certo! O crítico é um apedeuta pedante com recortes de opiniões e fragmentos de ideias que não conseguem rabiscar nem sua própria história, mas se julga no direito de intervir na Opus Magna e na escrita autoral. Sei! Tudo para tentar se alimentar da obra com suas teorias fabricadas em suposições idiossincráticas e ganhar o mérito da participação na obra.

Deixe um recado para a crítica! Como? Isso? Você responde com reticências, apenas? Certo! Na reticência está toda a resposta da existência e nela não se sabe o que está antes e nem depois, apenas o trajeto existe de fato. E o crítico como fica? RSRSRSRSRSRS...! Quer dizer que o crítico fica onde nunca saiu; das superficialidades das sensações.

Depois disso tudo não tem medo de receber críticas? Você é o seu maior crítico, por isso, crítico nenhum consegue menoscabar sua obra. Mas se eles se posicionarem? Você assiste de longe e sorri, pois não há importância em quem não é importante. Eu lhe critico por isso, mas lhe respeito pela obra em si. Você entendeu?

Mário Paternostro