Pequena heroína.
Acordei de madrugada com umas pequenas mãos frias apertando a minha, era minha filha e dizia, como só ela diz, que estava nervosa. Suas mãos estavam geladas e tremulas, eu sabia que ela estava assustada, mas o medo não transparecia no seu olhar e nem na sua voz. O terror era tão grande que suas perninhas já não mais a obedeciam.
De repente parecia que o medo havia sumido, com seu olhar em chamas ela me olhou nos olhos e me pediu com sua voz entusiasmada que eu lhe contasse a historia da heroína que vencia o monstro.
Sentei na cama, coloquei-a no colo, emaranhei lhe o cabelo e comecei a historia. Ela sempre se empolga com minhas historias, mas escolheu logo essa e hoje, logo que comecei entendi o porque. Tentei dispensar mais carinho do que o de costume, porém foi impossível porque sempre dei toda atenção pra ela nesses nossos momentos e porque eu também estava com medo.
Sempre pensei que minhas historias era um pouco pesada para uma criança daquela idade, mas isso foi providencial neste momento. Terminei a historia tentando ser forte e segurar as lagrimas, não sei se fui competente.
Ela me abraçou forte, com uma força inacreditável para uma criança, e passamos um tempo em silencio naquele abraço. De estopim veio à pergunta “pai por que os monstros são maus?”. Fiquei parado porque não sabia responder e também porque não sabia como responder. Então ela continuou “Mesmo a heroína vencendo ela foi cortada e envenenada por que teve que acontecer isso?”. Tentei responder sem chorar acho que não consegui, respondi que a vida das heroínas é dura e enfrentam bastantes problemas em seus caminhos, que os monstros as machucam e as fazem sofrer, mas que os seu feliz para sempre começa nos dias de batalha.
Lembro-me da sua ultima pergunta antes de deitar do meu lado, “Pai, você me acha uma heroína?”. Você é a maior de todas, meu amor, eu respondi. Então disse para ela deitar do meu lado para descansar para a próxima batalha. Era madrugada e tínhamos que acordar cedo para que ela fizesse sua cirurgia, minha princesa enfrentava o dragão do câncer.