O NADA.

Encontro um amigo que residiu muitos anos no exterior treinando times de futebol de países menores e preparando fisicamente times de qualificação. Jogamos na LAFA juntos quando jovens, “Liga de Futebol de Areia”, um estrondoso e festivo campeonato na terra em que nascemos, Icaraí, de onde saíram grandes craques como Gerson. Ele foi preparador físico da seleção brasileira de futebol, oficial reformado do exército e professor de educação física.

Conversando perguntei se estava fixado definitivamente onde nascemos, Icaraí, Niterói. Disse que sim, agora era só esperar ir para onde nada mais somos, a última morada.

Não me surpreenda Paulo, disse eu, você é uma pessoa de sucesso na vida, uma cabeça estratégica e pensante, como nada mais seremos(?), perguntei. Celso, acaba naquele canto, disse, e quero ser cremado.

Realmente o tempo implacável parece levar ao nada se nada se construiu, mas o nada é tudo, precisa ser entendido. Essa mecânica de transformação insensível de causa e efeito, que tudo assiste e induz caminhar para nada, não pode ser só nada, pois pertence ao tudo, à unidade, e se há unidade inexiste divisão, e só a divisão perde a força e se desfaz em nada, fragmenta-se até a última partícula.

Posto de lado a desrazão e o desencontro humano, a esfinge indecifrável do desamor na tempestade das paixões, dos egoísmos que refletem o bem e o mal, por antítese, o nada não persiste ou é verdadeiro justamente por ser nada. O movimento é tudo por ser a estabilidade única dentro da universalidade de toda a instabilidade, mas o movimento não sente da mesma forma que o tempo não para. Eles, movimento e tempo, tudo transformam e assistem, mas são o nada mecânico. Quem tem história, seja qual for, porque nasceu e respirou, foi vida com pensamento, faz parte dessa unidade que é tudo, ETERNAMENTE, pois pertencemos todos à eternidade.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 22/05/2013
Reeditado em 22/05/2013
Código do texto: T4302933
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