MINHA BARRA CIRCULAR 1985...
Por: Lindoval Rodrigues Leal – Maj BM
Outro dia meu amigo Rogério Montai, Juiz de Direito e grande atleta de corridas de Rua - diga-se de passagem - postou uma foto de sua nova aquisição: uma bicicleta especial montada para competição de triátlon, modalidade que o nobre amigo passou a competir. Nada de anormal se não fosse a nostalgia que aquela imagem me causou! Explico.
A simples postagem me levou de volta no tempo, num misto de boas lembranças e me fez rememorar à época de quando ainda morava no interior do Estado na zona rural (roça), então com 14 anos de idade.
O ano era 1985, e eu como filho mais velho ajudava meu pai na lida dos trabalhos diários nas lavouras de cacau, café, arroz e milho, dentre outras atividades inerentes ao campo. Tempos difíceis onde tudo era sinônimo de muito sacrifício! Não tínhamos energia elétrica nem água encanada, por conseguinte não tínhamos eletrodomésticos comuns às casas de hoje.
A situação financeira era precária. Trabalhávamos para a subsistência e pouco nos restava para aquisições de itens como roupa e calçados... Realidade comum a todos roceiros da região em que morávamos.
Meu sonho de consumo de então, era poder um dia, comprar uma bicicleta. Sonho acalentado por muito tempo e sem a perspectiva de realizá-lo devido as nossas condições.
Eis que um dia, meu pai como de costume, deslocava-se a cidade para fazer o “rancho” do mês, enquanto que eu ficava a trabalhar nas lavouras. De tarde, após o labor, ao retornar para casa o encontrei no terreiro com um olhar misterioso. E, com um sorriso de canto de lábios, informou-me que havia uma surpresa me esperando na nossa sala.
Meu coração bateu forte! O que seria? Mas que depressa corri para dentro de casa com ansiedade peculiar de quem está ultra curioso de saber o que me aguardava! - ELA ESTAVA LÁ!!! Portentosa, linda... Apoiada pelo descanso... Impassível... De cor vermelho sangue! - Era a minha MONARK BARRA CIRCULAR 1985! Confesso que foi uma emoção indescritível! Fiquei ali parado... Adimrando-a não sei por quanto tempo! Uma onda de alegria invadiu a minha alma. Eu acabara de realizar um sonho!!!
Tempos mais tarde, depois de muitas batalhas e já pai de família, consegui comprar meu primeiro carro. Mas, sem sombra de dúvidas, não teve a mesma emoção de quando ganhei a minha “magrela”, que ficará para sempre marcada na minha memória. ELA... LINDA, PORTENTOSA... de cor vermelho sangue... Apoiada no descanso...
Porto Velho-RO, 13 de maio de 2013.