CRUCIFICAÇÃO.CHAGAL.PARIS.

Chagal (Marc Chagal, 1887/1985) assistiu as duas guerras que modificaram o mundo, as viveu de modo intenso, quase um século de existência. Judeu de nascimento teve que se refugiar como um nômade em razão da origem. O sonho se mescla na sua obra à realidade, fortemente.

Chagal doa em 1966 ao Estado Francês suas doze telas bíblicas monumentais em conteúdo e tamanho, expostas em fantástica mostra no Museu De Luxemburgo, Paris, juntamente com acervo vindo desde colecionadores particulares, do MOMA, Nova Iorque, do Beaubourg e do Museu Chagal de Nice, França.

Em todas suas telas está o sonho, “rêve”, simbolismo iconográfico que sinaliza o sentimento humano de forma única e diversa. Um relicário de símbolos coloristas.

De tudo ressalta a unidade de seu humanismo. Judeu, fugindo da perseguição permanente, desde seu exílio para os EUA, segunda guerra, morando na época na França ocupada de onde fugiu e para onde voltou para Vence após a vitória dos aliados. Lá elaborou seu simbolismo bíblico.

Seu quadro “Exodus” conceitua essa unidade que só o gênio pode ver dessa forma, ecleticamente e irrespondível diante do curso da história, núcleo de pintura onde a unidade do homem impõe o silêncio.

Um enorme Cristo na Cruz, assiste a saída dos judeus seguindo rabinos para a fuga até hoje encetada, onde a paz não é recepcionada pela recusa do amor da igualdade de todos.

Da pintura dessas telas desponta a Crucificação, tema incisivo, uma grande obra consagrada ao Calvário, fruto de meditações longas sobre as mensagens bíblicas de multiplicados estudos do gênio, oferecendo ao final uma monumental síntese de toda sua arte, misturando inexplicavelmente a história do povo judeu (ao qual pertence) ao povo cristão. E afirma: “estas telas, no meu pensamento, não representam mais do que o sonho de um só povo, mais certamente, da humanidade”.

Pode parecer óbvio, mas é apossamento da unidade humana depois de transformadores estudos e de vida profícua, de quem aclamado por todos, se expressa não só em realismos surrealistas como na abóbada do maior teatro do mundo, por ele pintada, o Ópera Garnier em Paris, mas em simbolismo iconográfico que desenha sem retoques que somos todos iguais. É simbolismo sem barreiras ou censuras que intimidem a verdade humana tão pouco conhecida e cada vez mais espancada.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 20/05/2013
Reeditado em 22/01/2014
Código do texto: T4300219
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