EXAME DE CONSCIÊNCIA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Difícil conviver com o sentimento de culpa ou remorso, que se caracteriza pela inquietação da consciência por culpa ou crime cometido. É uma espécie de mordimento, um mordimento que remói, juiz interno pior que o juiz legitimamente constituído. Bicho da consciência, um bichinho que não sai da nossa cabeça, e rói, rói, rói... Às vezes, de forma doentia. Isso, naturalmente, para quem tem consciência, sensibilidade, para quem não é contumaz.
Na verdade, errar é humano, mas consertar também é humano.
Não existe ninguém perfeito. Pedro negou Jesus três vezes, mas chorou amargamente. O Livro dos Provérbios diz em linguagem realista, embora em contagem simbólica, que o justo peca sete vezes ao dia. Isso, o justo, pois acrescenta que sete vezes também ele tornará a se levantar. São as falhas nossas de cada dia, nossos deslizes, nossos tropeços. Tanto que praticamente em todas as línguas existe alguma forma de pedir desculpas. Intolerante é justamente aquele ou aquela que não desculpa falhas alheias.
Às vezes se tem ideia de santo como de um ser humano perfeito.
Mas justamente porque humano, não o é. A santidade humana não significa perfeição, mas busca da perfeição, obrigação essa que incumbe a todos nós.
É um processo, uma busca de autoaperfeiçoamento. Tentar encontrar ou alcançar a perfeição humana é um projeto irrealizável, quimera, fantasia, utopia, miragem. Pois não existe ninguém de conduta completamente ilibada.
Quem não tiver pecado atire a primeira pedra...
Santo Agostinho escreveu Confissões; Paulo Setúbal, Confiteor. A expressão fazer mea-culpa significa reconhecer o próprio erro, arrepender-se. Finalmente, desculpar-se a si próprio é uma maneira de admitir as próprias limitações.
No fim de sua vida o escritor Oscar Wilde escreveu que não tinha dúvida a este respeito: “O momento sublime para um homem é aquele em que, prostrado
no pó, bate humildemente no peito e confessa todas as culpas de sua vida”.