- Nenhum Verso
Hoje o verso não anula sofrimento, não sossega o coração, não alivia a alma. Escrever é quase sempre a melhor parte de sofrer por amor ou paixão. Sofrer é condição básica para o nascimento das mais lindas escritas de uma alma quase esmagada por atitudes jamais esperadas.
Hoje o verso quase não nasceu, meio sem querer comprei um bilhete de um filme que só percebi que já havia assistido quando chegou ao final. O verso se estragou logo no inicio, sem querer descobri que a dor é mais sufocante quando o fim terminou no começo.
A gente sempre supera um fim, um poema desliza mais fácil quando sabemos o que levou ao ponto final. Superar o fim é quase a certeza de um novo livro para ler, uma nova história para escrever, ou uma nova canção para aprender.
Superar o fim bem no começo é complicado. Porque junto com o começo estava a sensação gostosa de gostar do que ainda não se conhece, de pedir que espere: porque você ainda está esperando. De ir guardando cada palavra como se fosse um pedido novo de; esse é o nosso começo.
Hoje o verso não supera esse fim logo no começo. Como todas as outras vezes, todo o poema desanda, perde o rumo, e fica entre algumas linhas procurando explicação pela antecipação de um ponto final.