O amigo do desenhista

Eu tenho um amigo desenhista. Desenhista há anos, desde criança, quando ainda estávamos no colégio. Seus desenhos sempre foram muito bons, mas no últimos anos ele realmente se aprimorou, tanto que já está se profissionalizando nessa área.

Enquanto isso, eu, o amigo do desenhista, sempre me dediquei à escrita. Talvez tão cedo quanto o meu amigo, ou até antes. Pensava em ser jornalista e fazer da escrita minha vida e profissão, mas jogaram terra nesses meus planos.

Desde esse ponto acho que desanimei. Tinha um blog, mas o desânimo também o atingiu e ele acabou. Há outro que ainda está funcionando, mas ele já cheira a mofo de tanto tempo que está lá parado, sem que eu escreva nada. Ao contrário do desenhista, pareço ter parado no tempo, ou mesmo involuído um pouco.

Hoje vejo meus textos cada vez mais escassos. Nossa, até meu português parece ter regredido! Enquanto isso, os desenhos do meu amigo ficam cada vez melhores.

A comparação parece tosca, mas está longe de ser baseada na inveja. Fico muito feliz pelo sucesso do meu amigo, muito mesmo. O que procuro é o vermezinho que mina meus esforços de voltar a escrever avidamente.

E isso é certo, houveram esforços. Nesse período, escrevi até um livro para a minha namorada, com uma única cópia, mas mesmo assim não engrenei.

Sinto realmente muita falta de escrever. Também sinto falta de observar a reação daqueles que leem o que escrevo. Costumava ser uma boa reação.

Vou então retomar meus esforços. Escreverei todo dia, da mesma forma como meu amigo desenha diariamente. Seja pouco ou muito, bom ou ruim, vai ser escrito.

E aí, quem sabe, fico um pouco melhor.