O pó-nosso-de-cada-dia
No quarto, enquanto limpava os móveis do pó-nosso-de-cada-dia, eu ri. É pura verdade! Não que o pó cause em mim acesso de risos. Mas é que me lembrei da tarefa inútil que realizava e reclamava. Este, segundo o nosso amigo Aurélio, “tenuíssimas partículas de terra seca, ou de qualquer outra substância, que cobrem o solo ou se elevam na atmosfera”. O pó não sedia. Embora não o via, a não ser horas após a suada limpeza. Deus é como o pó. Ele entra por onde menos se espera: pela janela, pela tela, pelo telhado até pelo sapato. Não adianta limpar. Deus lá está. Sua Graça, de graça nos abraça. Podemos aceitá-Lo e amá-Lo, fazendo-nos faxina. Ou, vegetarmos com uma capa protetora. Empoeira-me Senhor. Embora não O veja, seu Espírito paira pelo ar. Deixemos que a ação deste pó invada as narinas e provoque em nós espirros mil. Expelindo de nossa vida, a autossuficiência e a descrença no Deus que nos fez e nos fará voltar ao pó. Acreditemos nEle, mas não transformemos nossa vida em pó, caso contrário, podemos ser sugados pelo grande e pós-moderno aspirador, já que sem Deus somos menos que uma ridícula partículas. Com Ele de certo, um ciclone no deserto.
Deixemos que o Espírito de Amor se espalhe como a poeira fina, descendo sobre nós de modo que nos faça Partículas de Graça, seres humanos mais “móveis” aos desígnios do Pai. E, nos mobilizemos em favor daqueles que “imóveis” sofrem sem a poeira da vida.