Ilustração: Parada Mello, Lambari, MG. Ao fundo, vê-se a lateral do Hotel Imperial. Os hóspedes desse hotel desciam na PARADA MELLO e acediam diretamente a uma recepção do hotel.
MEMÓRIAS DE AGUINHAS - A Parada Mello
- Apresentação
- A Parada Mello
- Ilustração
- Veja também
- Livro OS CURADORES DO SENHOR
No livro OS CURADORES DO SENHOR (aqui), há um capítulo denominado A Parada Mello, no qual este autor descreve a chegada de passageiro, no início dos anos 1960, na Parada Mello. (1)
Confira:
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Entram todos para um salão unido à plataforma - caso único na América do Sul - uma estação que faz parte de um hotel!
(C. GARDEN, no romance "Uma vilegiatura em Lambari") (*)
Passava pouco das dez horas quando solavancos e rangidos de freios o acordaram mais uma vez. Estava cansado, mal dormido e agastado com aquele trem desconfortável da Rede Mineira da Viação-RMV – não obstante viajasse na primeira classe – e com as inúmeras paradas e baldeações que consumiram uma noite e parte da manhã no trajeto entre São Paulo e Aguinhas. Não quisera correr o risco de vir de ônibus ou de automóvel, em razão das fortes chuvas que castigavam a região Sudeste naquele final do ano, especialmente a Serra da Mantiqueira. Além disso, tinha compromissos importantes na cidade, que deveriam ser concluídos nessa viagem, que pretendia fosse a última do ano, antes das festas e das férias de janeiro, que seriam especiais, como prometera à linda mulher, com quem se amancebara recentemente. Afinal, fora um ano de sucesso, vendas bem acima das metas, três “contratos de exclusividade”...
Aguardou impacientemente as bagagens, pois embora poucos fossem os passageiros que desciam naquela estação – Parada Melo, ele pôde ler na chegada – suas malas eram numerosas e abastadas. Quando, enfim, essas foram aviadas, o carregador lhe pareceu lento demais. Irritado, foi esbravejando: – Vamos, vamos, depressa! Eu tenho compromissos urgentes! –, enquanto batia a bengala encastoada no carro de rodas empurrado pelo maleiro.
A parada dava acesso ao Hotel Imperial, onde se registrou apressadamente, instalando-se num apartamento de frente, no último andar. Após acomodar as bagagens, abriu a janela – e contemplou a bela paisagem que ao fundo o Cassino e o Lago Guanabara lhe ofereciam.
– Um cartão postal europeu! – exclamou. Ah, Europa! No próximo ano hei de estar por aí! – pensou consigo mesmo.
Então, respirou fundo o ar fresco e úmido daquele resto de manhã e procurou se acalmar, tentando programar mentalmente seu dia de trabalho. (***)
O trem da R.M.V. passando pela Parada Mello - anos 1960
O Hotel Imperial, de cujas janelas se avistava o Cassino de Lambari e o Lago Guanabara
(*) JARDIM, Conceição [GARDEN, C.] Uma vilegiatura em Lambari: expressões da vida e de algumas vidas de 1943. Rio de Janeiro : A Noite, 1943. (a)
(**) Aguinhas é o nome literário da cidade de Lambari (antiga Águas Virtuosas)
(***) Essa pequena narrativa registra em livro um instantâneo da história de Lambari — a chegada de veranistas à Parada Mello, que dava acesso a uma portaria do Hotel Imperial.
Atualmente, o trem, a Parada Mello e o Hotel Imperial não existem mais...
Da parada, restou apenas a fachada; o hotel é hoje um condomínio.
Confira neste link: http://www.estacoesferroviarias.com.br/rmv_cruz_jureia/parmelo.htm
- Parada Mello - aqui
- Revitalização da Parada Mello - aqui
- A Paradinha Mello e suas muitas histórias - aqui
- Apeadeiro Mello - aqui
- Estrada de ferro - aqui
- Viagens de Trem - aqui
- As Estações Ferroviárias de Águas Virtuosas - aqui
- A Estação Férrea ao lado do Cassino - aqui
(1) Este texto faz parte do livro Os Curadores do Senhor.
Informações sobre esse livro estão neste link: https://guimaguinhas.prosaeverso.net/livros.php#2806
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