PARA ONDE ESTÁ CAMINHANANDO A EDUCAÇÃO?
Para onde e como está caminhando a Educação no Brasil?
Atos de selvageria e barbárie nas Escolas, envolvendo brigas de alunos contra alunos e também contra professores, com filmagem e postagem na Internet, é um fenômeno recente, mas é, também uma prova de que um novo modelo educacional precisa ser repensada e sugerido por pesquisadores da área da educação, mas que também envolva outros profissionais de áreas meio não diretamente relacionadas ao problema, como assistentes sociais, sociólogos, antropólogos, psicólogos, psiquiatras, e quem mais desejar em torno dessa ampla discussão que ultrapassou as questões meramente pedagógicas e passaram a envolver outros componentes como o consumo de drogas, a prostituição infanto-juvenil, o consumo de álcool – uma droga lícita, porém, prejudicial, o uso do cigarro, ou seja, problemas extra-muros do espaço acadêmico mas que diretamente também se apresentam em sala de aula, em forma de violência cada vez mais exagerada. Segundo pesquisa, pelo menos metade dos professores declarou ter sido vítima de algum tipo de agressão física ou psicológica, apenas no Estado de São Paulo. Imaginem se essa pesquisa fosse feita a nível nacional!
Fui professor das disciplinas de Português e Literatura Amazonense em escola pública na periferia de Manaus, em uma área considerada vermelha pelos educadores. Cheguei a ser ameaçado muitas vezes por ter dado nota baixa para algum aluno; mas não passava de ameaça verbal. Mas, hoje, jovens adolescentes se agridem fisicamente e espancam professores, filmam e os expõem em rede mundial de computadores. Traficam drogas livremente dentro de salas de aula, nas portas das escolas ou em seu entorno. Esses fenômenos, embora recentes, estão tendo uma agravante: são filmados e postados para todo mundo acessar, outros alunos jovens e irresponsáveis, os assistirem e reproduzirem os atos de violência. Contudo, esse vasto material também poderá servir para futuros trabalhos de pesquisas que venham a ser desenvolvidos, apresentando propostas para um novo modelo de educação mais inclusiva, que envolva todas as disciplinas, com professores bem remunerados, motivados e felizes e não com medo de entrar em uma sala de aula por não saber como será recebido pela turma.
Alguma coisa está errada no processo educacional, que precisará ser estudado com olhar mais longo do que tinham os antigos pedagogos que não entendiam nada sobre esses fenômenos da sociedade moderna informatizada, porque não faziam parte daquela sociedade do passado, na época em que foram formados.
O processo de ensino/aprendizagem funciona como uma complexa engrenagem, com uma rede de componentes sociais que se interagem e têm importância em todo esse atual processo social. Devido à violência extrema em salas de aula, os atuais professores devem se formar também como “mestres” em se defender de agressões!
Alguma coisa está errada no atual modelo que não forma ninguém, não educa ninguém, não dá disciplina a ninguém, enfim, serve hoje para reproduzir atos de mais violência e, como um Aparelho Social importante do modelo de sociedade que desejamos, não é e nem deve ser esse o papel social de uma Escola, seja pública ou privada.
Tristemente uma professora de inglês de Santos descreveu seu martírio: “Ele (o aluno) já não vinha fazendo as minhas lições desde o ano anterior. Quando aconteceu o episódio dele levantar, pegar o meu diário de classe, apagar as notas, chutar as minhas folhas, eu só levantei porque achei que ele fosse rasgar o diário”. E acrescentou o que fez o aluno de 15 anos que foi expulso da Escola: “No momento em que ele passa a perna em mim, eu tento me segurar na blusa dele. Eu agarrei a perna dele com intuito de evitar que ele continuasse me socando”, afirmou a educadora.
O que transformou um aluno 15 anos para passar a ter um perfil tão agressivo, ao ponto de espancar uma educadora, dentro de sala de aula, só por ela lhe ter dado uma nota baixa? Seria pura e simplesmente a falta de respeito para com a professora? E os limites? Os professores não podem mais ensinar, dar limites ou atribuir notas baixas aos seus alunos? No caso específico desse aluno, a professora informou que ele sempre lhe faltava com respeito, chegando até a arremessar carteiras escolares em cima dela. Isso pode estar ocorrendo porque o aluno sabe que além da expulsão da Escola, o que já ocorreu, ele tem a certeza absoluta de sua impunidade.
Por essas e mais outras situações, todo o processo precisará ser discutido e reformulado para que o que ainda resta de professores, comprometidos com o processo de ensino/aprendizagem possam sobreviver e continuar com seu magistral ofício de passar o que sabem aos alunos.
Caso contrário, a Educação vai falir e o Brasil falirá junto com esse caminho difícil, tortuoso, mas maravilhoso de transmitir conhecimentos, afinal, o verdadeiro conhecimento não pode e não deve ser propriedade de uma só pessoa porque em sendo assim, não é conhecimento, é apenas gasto de dinheiro à toa pelas faculdades com seus alunos.