Zumbis
Realmente a vida é feita de ciclos. É regida por modas e modismos. Muitos que acompanham a série norte-americana “The Walking Dead” a veem como uma maravilha revolucionária. Não discordo que seja uma excelente produção, que traz à tona além da ideia de mortos-vivos comedores de cérebros, os possíveis conflitos humanos que surgem com as dificuldades e como funciona o instinto de sobrevivência de cada um. Esses conflitos e o instinto primitivo aflorado podem ser reconduzidos a outras situações, não necessariamente ficando reféns dos contaminados andantes esfomeados. Quem ainda não viu nenhum episódio da série, aconselho que o faça. Até porque a primeira temporada é curtinha (acho que seis episódios somente) e já dá para ter uma dimensão do desenrolar da trama.
Porém, voltando ao meu foco inicial, prendemo-nos à novidade e esquecemos que as revoluções são frutos de outras revoluções que vieram de outras revoluções. E a regra não foge ao mundo dos zumbis. Então, mesmo sendo excelente e revolucionária, a série TWD não é nenhuma originalidade quando o tema principal trata-se de zumbis. Muitos sabem, mas outro tanto (também gigantesco) de pessoas insiste em comparar dizendo que TWD está para a revolução dos zumbis assim como Matrix está para a realidade virtual – e olha, provavelmente nem essa seja tão original assim. A questão é que há muito se conta, escreve, filma sobre pessoas infectadas com vírus mortais e assoladores que transformam as sociedades e criam novas categorias de habitantes. O rol de filmes e livros é grandinho.
Não preciso ir muito longe. Somente nesta década foram lançados filmes como “Eu Sou a Lenda”, a franquia “Resident Evil” com seus filmes 1, 2, 3, 4 e 5, o espanhol “REC - Possuídos” 1 e 2 (sem contar com a versão americana “Quarentena”), Madrugada dos Mortos. E ainda posso citar o filme a ser lançado, “Guerra Mundial Z”, que ao que parece os zumbis são vorazes caçadores, podendo correr mais que os próprios humanos até; sem falar do filme lançado no ano passado que conta a história de um zumbi que se apaixona por uma humana. Tem zumbi para todos os gostos com suspense, terror, drama, romance e até comédia (com o meu preferido) “Todo Mundo Quase Morto” e “Zumbilândia”.
Fazendo uma pesquisa rápida na internet – nem sempre confiável – descobri que o conceito de mortos-vivos foi criado por George A. Romero em 1968 com o aclamado “A Noite dos Mortos Vivos”. De lá para cá tem zumbi para todos os gostos e públicos. Eu não sei, mas se bobear até animações ou histórias voltadas para o público infantil devem existir. Isso porque não mencionei os jogos eletrônicos.
Não que eu não goste da ideia de se aproveitar ao máximo a boa fase. Foi a assim com os filmes sobre vampiros, (está sendo também) super-heróis, musicais, comédias pastelão, filmes de efeitos especiais com uma historinha no meio – entre um efeito e outro –, os filmes policiais em que os tiroteios encobriam as falas e os de luta sem noção. Tudo isso passou. Tudo isso poderá voltar. É só alguém ter uma brilhante ideia e aí é tendência que seja aproveitada pelos demais. É disso que não gosto: quando apenas seguimos inclinações, estamos propensos também a perder originalidade e cair no lugar-comum, pensando apenas em fama, prestígio e dinheiro na conta. Bom, vou me voltar agora para o final da terceira temporada de “The Walking Dead” que me garantem reservar fortes emoções. Torço para que neste meio tempo não surja o filme de um zumbi super-herói órfão, bruxo, mutante, que saiba lutar kung fu, e combata robôs extraterrestres que raptaram sua garota vampira, filha de lobisomens. Espero.